O mestre Hélio
O mestre a quem me refiro, trata-se de uma figura do mundo intelectual que brilhou como estrela de primeira grandeza dentro da constelação de astros ocupada, também, por outros baluartes das letras, do teatro, da pintura e demais atividades dignas de registro nesta terra de Pedro II.
Seu nome, Hélio David Casqueiro Chaves, membro ilustre que foi, da Academia Petropolitana de Letras, do PEN Clube do Brasil e da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro, além de outras entidades de igual expressão.
Destacou-se como poeta, escritor e jornalista.
Aposentou-se da rede estadual de ensino tendo prestado valiosa colaboração na função de Supervisor Educacional junto à direção do antigo Núcleo de Educação e Cultura do Estado.
Uma virtude especial, ter sido amigo de seus amigos.
No caso particular de meu pai, destaca-se como grande incentivador para que o poeta Guedes Vaz ascendesse à cadeira nº 28 da Academia Petropolitana de Letras, o que fez com que o poeta lhe fosse grato até sua partida.
Sempre ouvi esta assertiva da parte de meu pai em muitos momentos de sua vida eis que nunca se esqueceu do amigo e confrade.
Para honra do poeta Guedes Vaz, mereceu a primazia do prefácio do livro no Limiar do Além…
A bondade e a pureza d’alma do mestre Hélio Chaves fizeram com que, no prefácio em questão, escrevesse: “Dir-se-ia que o trovador fere sem ferir, com o destro bisturi de um quiróptero do verso. E a ironia, a sátira e mesmo o sarcasmo aparecem, como um raio de luz, difuso, através de um cristal finíssimo. E o trovador delicia-se, passa risonho, diz o que sente, e vai tranquilo, num cumprimento de salão, a Luiz XV”.
As palavras acima bem traduzem a inteligência, a perspicácia e a bagagem cultural que carregava, eis que sempre destacou-se como orador de calibre, sobretudo, de saber colocar suas ideias e pensamentos de forma clara e sensível, como bom poeta e pensador.
Prova destas assertivas foram as dezenove obras que o autor fez produzir.
Cheguei a conhecê-lo não só através de meu pai, mas, também, de minha esposa, também professora que teve a oportunidade de conviver com o ora homenageado no antigo NEC.
Ainda, a respeito do mestre Hélio Chaves, chama-me atenção acerca do pai, Reynaldo Antônio da Silva Chaves, baluarte, com outros tantos de igual valor e mérito, na criação da maior Casa de Letras de nossa terra.
Hélio Chaves seguiu à risca a belíssima trajetória do pai e por ocasião do seu centenário, ao proferir conferência a propósito da vida e obra de Reynaldo Chaves, conforme publicado às páginas 41/60 da Revista de nº 18 da APL, na condição de bom filho, revela de maneira emocionada no tocante à vida e obra de seu pai.
Hélio Chaves faleceu nesta cidade no dia sete de setembro de dois mil e dez, deixando grande vácuo entre a numerosa plêiade de amigos e admiradores, especialmente voltados para a educação e cultura de nossa terra.
“Soneto Impossível”, de autoria do poeta, bem traduz sua profunda inspiração e o sentimento que emergia de sua privilegiada inteligência.
Soneto do Impossível
Não te lembras, nem queres recordar / do que disseste, formulando juras, / num doce amor, que, para o eternizar, / bastava recordar nossas venturas! / Bastava recordar!… Bastava amar! / É fácil esquecer, se tens ternuras, / que te envolvem sorrindo, a desvendar / o que eu não soube dar-te de canduras!
Enfim, resta esquecer! Mas não consigo / esquecer o que esqueces facilmente. / Hás de ficar no coração comigo! / Sei que partiste! – nunca me iludi! – / Mas nunca partirás da minha mente, / desde o primeiro dia em que te vi!
O mestre se foi, como tantos outros, mas o seu nome continuará presente, de forma indelével, junto àqueles que tiveram o ensejo de conhecer tão maravilhosa insigne pessoa.