O Natal do Menino Jesus
A bela árvore de Natal já estava armada, bem decorada e iluminada como era de costume. Só alguma coisa estava diferente dos anos anteriores: não havia, ao pé da árvore, embrulhos de presentes. Vamos retroceder para que possamos entender a história: José Damião e Maria Aparecida formavam um perfeito casal. Poderia ser dito que o amor e a harmonia ali estavam entrelaçados. Porém, a felicidade naquele lar já não se apresentava completa. Jesus, o filho querido e único, já não estava mais com eles. Por este motivo, a data mais festiva do ano, passou a ser a mais triste e melancólica. Durante os primeiros cinco anos do casamento, tentaram, em vão, completar a felicidade com a chegada de um herdeiro. Aconselhados a procurar solucionar o problema, recorreram à medicina. Precisavam descobrir com quem dos dois residia o problema da não fecundação e depois de meticulosos exames, obtiveram a resposta: Maria era infértil. Um tratamento foi recomendado e seguido ao pé da letra, mas o resultado não apareceu como esperavam. Maria, mulher de uma fé inabalável, apelou para a religião, mediante promessa, para obter a tal graça e se engravidasse e tivesse uma filha, esta seria batizada com seu nome. Aparecida, e, se fosse um menino, teria como nome Jesus. Trinta e poucos dias depois de ter feito a promessa, pode dar a notícia a José, seu amado marido. Logo obteve de uma amiga da família o nome de um reconhecido médico obstetra, para acompanhar sua gravidez. – Lamento informar – disse o doutor – que sua gravidez é uma gravidez de risco e, por ter uma passagem estreita, poderá ter complicações na hora do parto, O risco não seria tão grande se naquela época a técnica da cesariana já estivesse sendo usada. Entretanto, levada pela fé e de uma nova promessa, o parto se deu com grande êxito e a criança nasceu bela e sadia. Pronto, durante sete anos a felicidade naquele lar foi completa até que aquele menino alegre, saudável e muito feliz, foi vítima de poliomielite. Em princípio teve uma das pernas mais fina e mais curta que a outra, passando a mancar em função do desnível e, após sofre durante um ano, veio a falecer. Para Jesus o Natal sempre foi sua data preferida, sendo que o momento de armar a árvore natalina era seu momento máximo. A partir de seu falecimento, o Natal, para aquele casal, passou a não ter sentido algum. Porém, como forma de prestar uma singela homenagem póstuma ao seu amado filho, a árvore de Natal não poderia deixar de ser armada e devidamente decorada.
Alfredo e Lizandra, um casal vizinho, resolveu levar umas lembrancinhas para José Damião e Maria Aparecida, pois prezavam por demais aquela amizade. Logo após tocar por diversas vezes a campainha da porta, esta foi aberta por Jesus que se apresentou como filho do casal. Surpreso, o casal de vizinhos falou, ao cumprimentar o jovem garoto: – Prazer em conhecê-lo, não sabia que meus vizinhos tinham um filho já tão crescido e bonito – falou a mulher. – Estudo num colégio interno em Minas Gerais e venho sempre passar com meus pais as férias de fim de ano – disse Jesus e completou – entrem e sentem-se, por favor. Meus pais foram comprar uns petiscos para a mesa de Natal, mas não devem demorar.
Quando José e Maria chegaram, tomaram um susto ao ver os vizinhos ali, esperando por eles.
– Como vocês entraram? – perguntou Maria Aparecida.
– Foi seu filho Jesus que nos abriu a porta e nos mandou entrar. Belo garoto! É pena que puxe um pouquinho da perna. Ele nos contou que estuda numa outra cidade, mas que vem sempre passar as férias em casa, pois não pode deixar de apreciar a bela árvore Natal que vocês costumam armar.
Maria Aparecida, tomada por forte emoção, ajoelhou-se, fez o sinal da cruz e começou a rezar com os olhos cheios de lágrimas.