O novo coronavírus, uma coisa da China
O capital humano é precioso. Investir na qualidade de vida é imprescindível. A obsessão pela produção que leva à exploração da mão de obra coloca o vil metal acima do ser humano. O pânico mundial provocado pelo receio de que a epidemia, em virtude da proliferação do novo coronavírus (2019-ncoV), venha se tornar pandemia, espalhando-se pelo mundo, contribuiu para que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificasse essa situação como um caso emergencial de saúde pública de interesse internacional.
Todos os esforços são para conter a propagação do vírus, contra o qual ainda não há vacina. Os sintomas mais evidentes do contágio são: febre, tosse e dificuldade para respirar. A transmissão ocorre por vias respiratórias.
O número de mortos se aproxima dos setecentos. Na China, já foram comprovados, até agora, mais de 28 mil casos, a maioria na província de Hunei, que tem como capital Wuhan, local em que o vírus surgiu. Mais de duzentos casos já foram registrados fora da China continental. Há uma apreensão mundial a ponto de afetar as bolsas de valores, que já operaram em queda. A situação é grave, requer a atenção das lideranças políticas mundiais.
Por se tratar de um caso emergencial, a China construiu, em Wuhan, um hospital com mil leitos em dez dias, com operários trabalhando em três turnos. Sem dúvida, trata-se de uma ação providencial da engenharia. Mas não foi possível fazer uma vacina no mesmo período. Por isso que as medidas são para conter danos maiores. Em ocasiões como esta, pode-se empregar literalmente a expressão: “correr atrás do prejuízo”. É o que a China está fazendo agora, pois se trata de um país com uma das maiores populações do mundo.
Segundo a OMS, a quarentena decretada pelas autoridades chinesas não tem precedentes, somente entre os habitantes de Wuhan e Huanggang, foram isoladas mais de 18 milhões de pessoas. Entre estas, está uma população pobre. Há a hipótese de que o surgimento desse vírus se deu pelo fato de ser comum, na região onde a epidemia surgiu, a ingestão de morcegos, ratos, cobras e outros animais silvestres.
Apesar da China ser considerada a segunda maior potência econômica do mundo, expôs uma pobreza que a deixa vulnerável, colocando em xeque a chamada Economia de Estado, em que há intervenção dos gestores públicos no sistema econômico do país, ou seja, o Estado mantém o controle dos meios de produção. Até nas empresas privadas, é comum encontrar alguém do governo na administração. Isso se opõe à Economia de Mercado, na qual há a intervenção do governo é mínima como preconiza o Liberalismo.
Na minha humilde ótica, considero o ser humano acima do mercado e da linha de produção, não importa o sistema político. A desigualdade fica explícita em situações como a que estamos vivendo, pois a camada da população menos favorecida é a mais afetada e fica à mercê da saúde pública.
Como os vírus não respeitam fronteiras, não demonstram preferência por nenhuma classe social, todos estão expostos à contaminação. A morte é democrática, conduz todos ao pó, independentemente de cor, raça, religião ou convicção ideológica.
O jovem médico chinês que primeiro alertou para o surto do coronavírus faleceu em 06/02, infectado no hospital em que trabalhava em Wuhan. Hoje considerado herói, por ter levado o problema aos colegas de profissão e às autoridades governamentais. Que o vírus não chegue ao Brasil, porque aqui, encontrará terreno fértil. Agora, pela ignorância de alguns, os chineses estão sendo vítimas de um outro vírus: a sinofobia