“O que experimentei nesses dias não é algo marcante somente para a história do país, mas para a história do MTB mundial”, destaca Avancini sobre etapa realizada em Petrópolis

11/04/2022 10:50
Por Victor Carneiro

A primeira etapa da Copa do Mundo de MTB – Mountain Bike foi realizada nesse final de semana no São José Bike Club, no Vale do Cuiabá. Após 17 anos, o país voltou a receber uma etapa da competição. Um dos grandes responsáveis pela vinda do evento para a cidade, o petropolitano Henrique Avancini contava com apoio maciço do público – de acordo com os organizadores do evento, mais de 20 mil pessoas acompanharam as competições nesse domingo (10).

Se os resultados não foram os esperados e os que Avancini almejava – na sexta-feira foi o 4º colocado na prova de XCC – Short Track, e nesse domingo foi o 13º na prova de XCO – Cross Country Olímpico – para a torcida ele já era o grande campeão.

Aos gritos de “Avança, Avança”, cruzou a linha de chegada, nesse domingo (10), aos prantos, não contendo a emoção de receber tamanho carinho, após ser ovacionado por mais de 20 mil pessoas. O brasileiro também foi cumprimentado por outros ciclistas ao final da prova, que reconheciam o seu grande esforço em ter trazido uma etapa de Copa do Mundo para o Brasil.

Em entrevista à imprensa durante a competição, o petropolitano destacou a torcida nos três dias de disputas; o amor do público brasileiro pelo ciclismo e a importância da realização do evento no atual momento de reconstrução de Petrópolis.

“Sempre recebo muito carinho nas competições aqui no Brasil, mas dessa vez foi diferente. Eu acho que dessa vez as pessoas não estão me aplaudindo como atleta, estão me aplaudindo pela minha história, pelo meu esforço, então entra por baixo da pele de um jeito diferente”, disse.

Mencionada por todos os atletas durante os dias de competições, a torcida foi um dos pontos altos da disputa e enfatizada pelo brasileiro.

“Incomparável! Eu competi na Suíça, na República Tcheca, e pude ver outros grandes nomes competindo em seus países e é surreal. Quando a gente (se referindo aos brasileiros) coloca o coração em alguma coisa, o brasileiro torna tudo muito maior, mais intenso. O que eu experimentei nesses dias não é algo marcante somente para a história do país, mas para a história do mountain bike mundial. Pra mim foi chocante. Todo processo de construção para as provas eu tento me fechar um pouco mais, focar. Quando me permiti olhar para o lado, e não só sentir a vibração, mas ver um mar de gente gritando e vibrando, sendo que nem tinha vencido a prova, nem tinha terminado no pódio, foi muito especial pra mim. Mostrou a intensidade e o amor que o brasileiro tem pela bicicleta. É muito maior do que a gente consegue quantificar. É uma coisa especial, um sentimento muito puro e intenso.”

Avancini também falou do atual momento da cidade, que tenta se reerguer após as tragédias climáticas dos meses de fevereiro e março. Ele relatou a perda de amigos, a importância social do esporte neste momento e os impactos que a realização da Copa do Mundo trouxeram para o município.

“Eu sou petropolitano de nascimento e de coração. Eu realmente amo as minhas raízes, tenho uma conexão enorme com a cidade. Não foi a primeira vez que passei por esse tipo de experiência (falando sobre as chuvas de fevereiro e março), tanto que esse projeto da pista (do São José Bike Club) começou por causa da tragédia de 2011, para trazermos eventos pra cá, para reerguer o Vale do Cuiabá. Recentemente passamos por um momento muito marcante e difícil no outro extremo da cidade. Como cidadão é muito complicado, pois perdi amigos, muitos amigos perderam casas, alguns dos meus familiares tiveram que sair de suas casas. É muito difícil não sentir o impacto que isso causa. Foi até difícil, inicialmente, falar do evento num momento desse, mas quando a gente vê que o esporte tem esse poder profundo de trazer alegria, além do impacto econômico, social e, principalmente, o impacto emocional na vida das pessoas, de vê-las sorrindo, sentindo as boas vibrações, isso me alegra muito.”

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