O que o povo sabe sobre o plebiscito
Ainda não absorvi, ou caiu a ficha, como o dito mais atual, acerca do que fizeram com as charretes, os charreteiros e os cavalos que cumpriam uma tradição petropolitana e um dos mais queridos e necessários aportes de nosso turismo presente.
Ainda basbaque com a argumentação frágil e pouco elucidativa dos arautos da eliminação das “vitórias” de nossa vida quotidiana mais cara e de fortes raízes histórico-culturais, não consigo pensar no centro histórico sem o trotar sincronizado dos animais pelas ruas.
Ainda atônito com a solução encontrada nos absurdos da incoerência, de movimentar a justiça eleitoral fluminense com um plebiscito temático tecnicamente e culturalmente desconhecido pela população eleitora, ao ponto de envolve-la em resolução que deveria partir dos poderes constituídos pelos próprios eleitores, coitados, atropelados pelo mínimo conhecimento sobre o tema, entendo que o sufrágio popular foi convocado e pespegado na escuridão obtusa de uma interpretação equivocada do que vem a ser a proteção global dos seres vivos, racionais e irracionais.
Ainda entontecido pelo acontecimento do tal plebiscito, onde foram misturados os dois componentes biológicos citados (racionais e irracionais), ambos portadores de pernas/patas (duas e quatro respectivamente), medito sobre qual objetivo norteou verdadeiramente a cabeça de quem criou o imbróglio “em defesa dos animais” sem pensar na miserabilidade que pontua as esquinas do Centro Histórico com os moradores de rua, os desocupados, os desempregados, a malandragem solta de muitos racionais, enquanto trabalham e ganham suas rações e tratos, os trabalhadores equinos, agora “protegidos” com o prêmio de ficarem comendo capim enquanto viverem sem fazerem absolutamente nada e sempre dispostos a cair nas estradas para atropelarem os veículos que fumegam pelos corredores de uma morte sempre anunciada,
Ainda embriagado por tanto incoerência, pergunto ao espelho bruxo do meu quarto, para o que serviu a coisa toda e penso que a objetivos políticos, como angariar votos para patamares superiores, o que quase sempre ocorre na política, aliás, tiro que pegou nos corações dos cavalos como nos objetivos de seus “defensores”, direto e mortal no futuro da Petrópolis Imperial que tanto amamos.
Ainda idiotizado com alguns dos representantes do povo, agora mais defensores dos irracionais, que não compareceram às urnas, meditabundo fico com o que nos reservará o futuro turístico sem a riqueza de uma tradição centenária, cartão-de-visita de nossa cidade e atrativo lúdico e romântico para os turistas.
E aos turistas passamos a oferecer a visão da bagunceira que campeia em todo o Centro Histórico, onde moradores de rua transformam o passeio público em bordel a céu aberto, deplorável “atrativo turístico”, sem que tenham a repressão adequada e tantos outros absurdos que enojam a visão lúcida de quantos ainda acreditam na inteligência humana.
Se o plebiscito tivesse sido direcionado à plebe equina garanto que a resposta seria contrária à extinção do ganha-ração de tão nobres e valentes irracionais.
Não dá para consertar, cancelar, denunciar a impropriedade do mal feito, voltar atrás, desconsiderar, enfim, botar a cabeça do povo para pensar mais e mais no destino da cidade do que nos objetivos simplesmente políticos?