O turismo na origem

11/04/2018 12:00

Ao criar o povoado de Petrópolis, que projetou para ocupação de sua fazenda no alto da Serra da Estrela, o jovem imperador D. Pedro II entregou ao engenheiro da província do Rio de Janeiro, Julio Frederico Koeler, a incumbência de dar corpo técnico ao projeto-sonho. Este profissional, de cultura germânica, extremamente responsável, debruçou-se sobre sua prancheta, desenhando os primeiros esboços, sob a perfeição do conhecimento que tinha de toda a região, por onde andava e construia acessos e disponibilidades para ocupação ordenada. Obedeceu zelosamente ao disposto no Decreto Imperial nº 155, firmado pelo imperador no dia 16 de março de 1843.

Abria-se o território serrano, próximo ao centro da Corte do Rio de Janeiro, a um projeto no modelo das casas reinantes no Velho Continente, de edificar espaços para descanso e lazer da nobreza reinante e a promoção da vilegiatura do beijamão em áreas distanciadas dos problemas típicos das metrópoles.

O projetista, sob atenta observância da topografia serrana, redesenhou o estreito vale para que abrigasse a residência de verão e, no entorno, crescesse um povoado amigável composto por famílias que pudessem gerir a sustentabilidade tanto da povoação fixa como a dos visitantes sazonais.

Tudo perfeito, com aproveitamento da legislação efervescente naqueles idos, atinente à colonização das terras do novo império que surgia sob singular modelo tropical.

Aproveitando a chegada de famílias oriundas das conflitantes terras germânicas e de braços contratados por anterior encomenda para as obras provinciais, o engenheiro Koeler resolveu o problema que se agravava quanto à ocupação do novo povoado. Bordou o entorno das duas vilas centrais (Imperial e Teresa) com quarteirões, sob denominações de algumas regiões européias, justamente de onde provinha a futura população petropolitana. Pode-se dizer que todos se sentiram em casa? Sim, porque diminuiu o impacto da perda do chão natal, pelo denomínio de novas terras, conquanto selvagens, mas de solo próprio, trazendo para a serra petropolitana o instituto do foro medieval ainda praticado na velha Europa.

O que passou a significar o povoado, depois cidade, na vida do Império, traduz a sempre vocação de Petrópolis, como centro da atração de visitantes, inicialmente como coadjuvantes dos verões da Família Imperial para, em seguida, na medida da corporificação de projetos urbanísticos e crescimento de significativo patrimônio cultural, tornar-se um centro polarizador de turismo, a partir da evolução da atividade em suas conceituações contemporâneas que vieram evoluindo e hoje traduzem uma relevante indústria autônoma e dinâmica.

Basta um olhar para nosso patrimônio turístico-cultural, infelizmente ainda não valorizado como merece e em proveito do Município, para se ter em conta o seu valor e potencial…

Só para abrir o tema, a indagação : que município fluminense e de muitos e muitos outros estados de federação, podem se orgulhar da terem sido residências de grandes personalidades nacionais e internacionais e serviram de inspirações no exercitar de múltiplas ciências?

É um começo de conversa, é ou não é?

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