OAB projeta comando mais distante da ‘polarização política’
Apoiado por 26 dos 27 dirigentes estaduais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o criminalista José Alberto Simonetti vai assumir o comando nacional da entidade. Nesta segunda-feira, 31, está prevista a votação no plenário da OAB, em Brasília, que deve confirmá-lo como presidente para o triênio 2022-2024. Ele é o único candidato na disputa interna.
Aos 43 anos, Beto Simonetti, como é conhecido, vai suceder a Felipe Santa Cruz, que chega ao fim de um mandato combativo contra o presidente Jair Bolsonaro, sobretudo pela gestão da pandemia de covid-19, e agora tem planos de disputar o governo do Rio.
Diferentemente do antecessor, de quem recebeu apoio, Simonetti tem perfil mais corporativista e vem sinalizando aos pares que pretende manter a OAB distante da polarização política, independentemente do resultado das eleições de outubro.
Sob a gestão de Santa Cruz, a OAB denunciou o governo Jair Bolsonaro à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) por “violações” e “omissão” na crise sanitária e chegou a pautar um pedido de impeachment do presidente, que não prosperou. A oposição aberta ao Palácio do Planalto gerou desgaste com setores mais moderados da entidade e fez com que a discussão passasse ao largo das eleições nas seccionais.
Embora demonstre disposição de permanecer distante da discussão político-partidária, o jornal O Estado de S. Paulo apurou que Simonetti avalia colocar em debate, ainda em 2022, um tema igualmente capaz de mobilizar a advocacia: a proposta de eleição direta para escolha do presidente da OAB. Atualmente, a votação fica a cargo dos 81 conselheiros federais eleitos pela classe – são quase 1,3 milhão de advogados no Brasil.
Um dos principais compromissos de campanha de Simonetti é investir na interiorização dos sistemas da OAB, para apoiar advogados que atuam fora dos grandes centros urbanos.
Outra bandeira é a melhora das condições de trabalho por meio da ampliação de programas de capacitação e assistenciais. A avaliação é de que a pandemia evidenciou a vulnerabilidade em que se encontra boa parte da classe.
Trajetória
Advogado desde 2001, o futuro presidente da OAB tem ascendência no Direito – o escritório da família é o segundo mais antigo nos registros da OAB do Amazonas. Seu pai, Alberto Simonetti Cabral Filho, que morreu em 2006, foi quatro vezes presidente da seccional da Ordem no Estado. Seu irmão, Alberto Simonetti Cabral Neto, foi conselheiro federal, comandou a seccional amazonense e assume agora a presidência da caixa de assistência do Amazonas.
Natural de Manaus, Simonetti é pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Foi eleito cinco vezes conselheiro federal da OAB pelo Estado e, ao longo dos mandatos, passou pelos cargos de diretor-geral da Escola Nacional da Advocacia, corregedor-geral adjunto, ouvidor-geral do sistema OAB e o atual, de secretário-geral do Conselho Federal.
Uma de suas principais atuações foi pela aprovação do projeto que deu origem à Lei de Abuso de Autoridade. Ele foi relator do texto aprovado pela Ordem, que deu origem ao dispositivo sancionado em 2019.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.