Obras arquitetônicas marcantes em Petrópolis: Palácio Quitandinha

Por Aghata Paredes

Foto: Museu Imperial/Ibram/MTur – Fachada do Hotel Quitandinha

O que você mais gosta na arquitetura de Petrópolis? A história da cidade teve início em 1822, quando Dom Pedro I ficou hospedado na Fazenda do Padre Correia, durante uma travessia realizada pelo caminho do ouro, que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. 

O Imperador D. Pedro I comprou a Fazenda Córrego Seco em 1830, mas foi só em 1843 que Júlio Frederico Koeler iniciou o projeto urbanístico de Petrópolis e o que muitas pessoas não sabem, incluindo boa parte dos petropolitanos, é que o projeto era extremamente moderno e possuía preocupações preservacionistas e ecológicas pouco comuns à época. Incrível, não é?

Quatorze anos se passaram quando, em 1857, Petrópolis foi elevada à condição de cidade. Em 1981, a APANDE conseguiu que fosse assinado o Decreto 80, o que impediu demolições e construções que pudessem descaracterizar o Centro Histórico. Foi quando a cidade recebeu o título de Cidade Imperial.

A história e a arquitetura do século XIX e início do século XX, combinadas com o clima ameno e a influência dos imigrantes alemães, italianos, sírio-libaneses e portugueses, tornaram Petrópolis uma das cidades mais importantes no cenário turístico do país. 

Neste domingo, na nova série da Casa & Campo: “obras arquitetônicas marcantes em Petrópolis”, destacamos o Palácio Quitandinha –  construído pelo empreendedor mineiro Joaquim Rolla, a partir de 1941, e inaugurado como cassino em 12 de fevereiro de 1944, às margens de um lago artificial ao fundo de um vale, tornando-se um marco referencial da cidade.

Foto: Museu Imperial/Ibram/MTur- Fazenda Quitandinha

A fotografia acima mostra a vista do  lago no bairro Quitandinha, na época da inauguração da estrada Rio-Petrópolis. Ao fundo, está a sede da fazenda Quitandinha onde, mais tarde, foi construído o prédio do hotel de mesmo nome (fotografia abaixo).

Foto: Fachada do Palácio Quitandinha – Marco Oddone

Seguindo o estilo normando-francês (externamente), bastante presente na arquitetura de Petrópolis devido à colonização alemã, a arquitetura do Palácio tem como destaque os telhados de acentuada inclinação e a imitação de sistema construtivo em esteios aparentes de madeira. No entanto, o que chama mais a atenção de quem visita a construção é a parte interna do Palácio Quitandinha.

Foto: Detalhes da Fachada do Palácio Quitandinha – Marco Oddone

Você sabia que o interior do Palácio foi decorado pela designer americana Dorothy Draper, que assinava cenários de filmes dos estúdios de Hollywood na década de 40? Ou que a cúpula do Palácio foi considerada um marco na história do concreto armado na América do Sul? Com 21 metros de altura e 51 metros de circunferência, ela já foi comparada à redoma da Catedral de São Pedro, em Roma. Mas não para por aí. O Palácio Quitandinha apresentava inúmeras inovações para a época, como a segunda maior central telefônica do Brasil, com 800 ramais, uma piscina térmica, uma praia, com direito à areia de Copacabana, e um lago em formato de mapa do Brasil – de cabeça para baixo em relação ao hotel. 

A região Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ficam do lado esquerdo do lago. No meio há um bico que representa a Região Sudeste, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. Já a parte direita representa a região Nordeste. O farol no mapa representa a Ilha de Marajó.

Foto: Lago Quitandinha – Marco Oddone
Foto: Cúpula do Palácio Quitandinha – Marco Oddone

Toda a grandiosidade do Palácio Quitandinha encanta a todos até hoje, mas poucas pessoas conhecem os detalhes em relação à arquitetura do local. O formato côncavo da cúpula, por exemplo, favorecia o eco e focalizações de som, concentrando a energia sonora em lugares específicos. Desse modo, na época em que o Palácio funcionava como um cassino, mesmo que o local não estivesse muito cheio, a audição do local indicava um ambiente com bastante gente. Isso acabava estimulando o público a permanecer na sala. 


Foto: Café Concerto, Palácio Quitandinha – Marco Oddone

No Café Concerto (imagem acima), a disposição das mesas e cadeiras oferecia uma visão completa do palco em qualquer ângulo. O curioso teto baixo modulado, por sua vez, foi arquitetado para auxiliar na acústica envolvente. 

A Galeria de Estrelas chama a atenção pelos seus lustres Moravian Star, fabricados pela Tiffany, que ajudavam a compor o cenário perfeito para receber os artistas que se apresentavam no local. Além disso, eles abrilhantavam as exposições de joias que ocorriam na época. Passaram por lá estrelas como Errol Flynn, Orson Welles, Lana Turner, Henry Fonda, Maurice Chevalier, Greta Garbo, Carmen Miranda, Walt Disney e Bing Crosby.

Foto: Galeria de Estrela, Palácio Quitandinha – Marco Oddone

O Teatro Mecanizado é outro espaço que merece destaque, pois foi uma verdadeira revolução para a época. Com três palcos giratórios, o show continuava permanentemente, pois enquanto um palco se fechava, ao mesmo tempo, outro se abria.

Foto: Teatro Mecanizado, Palácio Quitandinha – Marco Oddone

Em 2007, o Sesc RJ passou a administrar a área do antigo cassino e, após recuperá-lo, transformou-o num espaço de cultura e lazer importante. 

Foto: Marco Oddone

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