Opção é investigada

21/11/2016 18:15

A empresa Creações Opção, de Petrópolis, foi citada pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de fazer parte de um esquema de lavagem de dinheiro, liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral. O nome da empresa aparece 11 vezes na decisão judicial da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que resultou na prisão preventiva de Cabral, na semana passada.

As investigações, que fazem parte da Operação Calicute, foram pedidas pelo MPF, por meio de uma petição, onde o órgão solicitou à Justiça medidas cautelares e até mesmo buscas e apreensões com relação a outras empresas do estado, como a Trans-Expert Vigilância e Transportes de Valores LTDA.

Tudo começou em junho de 2015, quando um incêndio destruiu parte da sede da transportadora, no Centro do Rio. Na ocasião, o Ministério Público descobriu, numa troca de e-mails entre Cabral e o ex-secretário de obras do Estado, Hudson Braga, informações de que parte do dinheiro queimado seria de Cabral.

Segundo as investigações, o diálogo indica que o grupo liderado pelo ex-governador teria perdido grande quantidade de dinheiro no incidente. 

A partir disso, descobriu-se que em dois anos a Trans-Expert fez vários depósitos que somam mais de R$ 25 milhões na conta da Creações Opção. O endereço que aparece nas notas fiscais do depósito, segundo o MPF, é o mesmo da fábrica de jeans em Petrópolis, no bairro Jardim Salvador. 

Conforme a documentação, a Opção teria contratado serviços da empresa de consultoria Objetiva Gestão e Comunicação Estratégica LTDA, que pertence a Sérgio Cabral. Em um ano (de 2015 a 2016) a empresa recebeu mais de R$ 675 mil em depósitos feitos pela Opção. 

Para o Ministério Público, a ausência de especificações sobre o tipo de serviço prestado, nas notas fiscais dos depósitos, despertam suspeitas e apontam indícios de corrupção. 

“Ressaltamos que esta peça não é uma denúncia, é apenas um pedido do MPF para a realização das buscas e apreensões, bloqueio de bens, prisões preventivas e temporárias, etc”, disse o órgão, por meio da assessoria de imprensa.

Suspeita de lavagem de dinheiro

O procurador-geral da república, Lauro Coelho Júnior, disse que se trata de suspeita de lavagem de dinheiro. “Essa empresa de transportes pode ter sido utilizada como uma instituição financeira fraudulenta, que guardava o dinheiro da organização criminosa. E esses depósitos de uma empresa contratada por outra, na verdade, mostram um fluxo do processo de lavagem de dinheiro”, explicou. 

A Tribuna questionou o MPF e a 7ª Vara Federal Criminal do Rio sobre a relação da empresa petropolitana com a pertencente ao ex-governador, Sérgio Cabral. No entanto, por se tratar de investigações em andamento, informações sobre possíveis apreensões, buscas e sequestro de bens não foram reveladas. 

Defesa diz que contratos são legais

O advogado da empresa Creações Opção, Carlo Luchione, questionado pela Tribuna, disse que todos os contratos da empresa Opção com as demais investigadas por estarem ligadas a Sérgio Cabral são legais. “O que ocorre é o seguinte. Na verdade há duas vertentes ali: um contrato que tem com a Trans-Expert e com a Objetiva. Tanto uma quanto a outra são contratos absolutamente normais. Com a Trans é entrega de recolhimento de valores das lojas. Por algum motivo que se desconhece, surgiu essa suposição de que esse dinheiro posteriormente seria uma fonte de recurso ilícito. Provamos com toda a documentação que era absolutamente normal a transação, que era de recolhimento de valores e depois devolução dos mesmos valores decorrentes das vendas”, explicou Carlo.

“Quanto à Objetiva, era um trabalho de consultoria com efetivo serviço prestado e já apresentamos toda a documentação necessária à delegacia”, completou o advogado, alegando que não houve nenhuma irregularidade nos contratos e que assim como o contrato com a empresa de Sérgio Cabral, há, pelo menos, outros seis com empresas diferentes. 

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