Operários protestam contra salários atrasados e colocam fogo em prédio

27/07/2016 10:55

Aproximadamente 40 operários que trabalham no condomínio Pedra do Açu, localizado no Conjunto Habitacional do Caetitu, em Corrêas, fizeram uma manifestação ontem, cobrando dois meses de salários atrasados. O protesto começou por volta das 7h e alguns funcionários chegaram a atear fogo em um prédio anexo da construção, onde ficava o vestiário utilizado pelos trabalhadores. O Corpo de Bombeiros foi acionado e conteve o incêndio no galpão. O condomínio, composto por 119 apartamentos, faz parte do programa “Minha casa, Minha Vida”, do Governo Federal.

Há cerca de 5 meses, a obra, que estava parada, foi retomada. A intervenção atraiu funcionários de outros municípios que passaram a viver em Petrópolis. Esse é o caso do pedreiro Fernando Silva de Oliveira, que veio de Três Rios com a esposa, após receber a proposta de ser um dos empreiteiros da obra. Porém, com o atraso de 60 dias no salário, o funcionário já está devendo dois meses de aluguel da casa em que está morando, no bairro Madame Machado. 

“É muito frustrante ficar sem receber o próprio salário e não ter previsão. Quando a gente procura o engenheiro da empresa, ele alega que no dia seguinte o dinheiro será depositado, mas até hoje isso não aconteceu. Após eles pagarem 50% do valor combinado, já com atraso, simplesmente deixaram de quitar o que faltava. Precisamos sobrevier, ainda mais eu e minha esposa, que não temos com quem contar aqui na cidade. Nossas famílias estão em Três Rios”, disse nervoso. 

O também empreiteiro Joaquim de Oliveira Barros recebeu apenas parte da “medição” feita no mês de junho. “A nota do meu trabalho ficou em quase R$ 14 mil, mas recebi apenas R$ 7 mil. Na segunda-feira desta semana fechei outra medição e não há previsão para receber. Um absurdo!”, disse indignado. 

Até mesmo os funcionários diretos da Construtora Andrade Almeida Ltda., empresa responsável pela construção, alegam estar com o salário atrasado. “Estou sem receber 13° salário e 35% do meu salário”, contou um trabalhador, que preferiu não se identificar. Ainda de acordo com ele, além do espaço que ficou parcialmente destruído por causa do incêndio, 2 mil metros de tubos de PVC, utilizados para enterrar fiações elétricas, foram perdidos.

De acordo com o mestre de obras da empresa, Pedro Paulo Tardim, os salários atrasados serão pagos entre hoje e quinta-feira. Já os funcionários alegaram que se o dinheiro não for depositado, eles não permitirão que as obras continuem, nem que os materiais de construção entrem no espaço. 


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