Os chuveiros da Casa Cruzeiro

A nossa cidade de Petrópolis é realmente um palco de fatos pitorescos, ocorridos desde a sua fundação. Eles sempre vieram se acumulando desde a época da aquisição da fazenda errada e o seu abandono por mais de treze anos, em função da ida de dom Pedro I para Portugal. A vilegiatura carioca, tornou-se um hábito entre os nobres e os empresários ligados à corte. Com isto, todos eles também para cá se deslocavam e construíram suas casas de veraneio. A proximidade com o imperador era algo muito importante naquela época. Mas aí é que se enganam aqueles que pensam que tudo estaria acabando com a proclamação da república. É bem verdade que os nossos palácios governamentais se transformaram nos colégios São Vicente e Notre Dame de Sion, por mais de 30 anos. Com a transferência da capital do Estado do Rio de Janeiro para cá, nossa cidade também passou a ser a residência oficial dos governadores.

Muitos anos depois o presidente Getúlio Dornelles Vargas, se entusiasmou com a localização do Palácio Rio Negro e resolveu também fazer daquele prédio a sua residência oficial de verão. Ele projetou restaurar o palácio criado em 1889. Ele assumiu pessoalmente a responsabilidade pela modernização do prédio e logo no início das obras, o nosso então presidente, foi informado de que dois chuveiros elétricos do palácio estavam danificados. Foi ai que ele próprio, como bom caminhante que era, resolveu sair do palácio e ir pessoalmente até à Casa Cruzeiro para adquirir dois novos aparelhos. Naquela época, aquela empresa era uma conhecida loja de ferragens, localizada na esquina da então rua João Pessoa, atual rua Dr. Nelson de Sá Earp, com a avenida Quinze. Lá chegando, ele provocou uma enorme surpresa, aumentada mais ainda por ter perguntado pelo preço de chuveiros residenciais. Ao adquirilos pediu um desconto e fez o pagamento em dinheiro, tirado do próprio bolso. De posse de um recibo em nome do governo federal, agradeceu pela atenção e despediu-se gentilmente de todos aqueles que o atenderam.

Até hoje, para as pessoas que tomam conhecimento daquele fato curioso, não conseguem entender porque ele levou dois mas não pediu uma nota fiscal de vinte aparelhos, os quais já em 1952 certamente teriam ficado conhecidos como “chuveiros-lava-jato”.