Os desafios de Petrópolis IV

16/11/2016 12:00

No último artigo, comentei a decisão de alguns municípios de adotar caminhos inovadores de gestão para acelerar o seu desenvolvimento econômico. A Associação Nacional de Polos e Parques Tecnológicos (Anprotec), já há algum tempo, vem difundindo o programa Empreendendorismo Inovador, bem como a sugestão de criação de incentivos visando a atração e a criação de empresas de base tecnológica, para a estruturação de polos tecnológicos. Municípios como São Carlos, Londrina, Campinas, Sorocaba, Uberlândia, Campina Grande, Recife, Florianópolis, Blumenau, Joinville, São José dos Campos, Santa Rita do Sapucaí, Ribeirão Preto, Novo Hamburgo, Jundiaí, Juiz de Fora, Caxias do Sul, entre outros, passaram a abrigar importantes polos tecnológicos. Esses municípios resolveram apostar na busca de um novo paradigma de desenvolvimento, conseguindo ter uma parcela significativa do seu PIB oriunda de atividades de C&T&I – Ciência, Tecnologia e Inovação.

Vários desses municípios, entenderam que a partir da década de 90, o mundo ingressou num novo paradigma histórico – a Era do Conhecimento – onde o mercado mundial passou a ser dominado por bens e serviços intensivos em conhecimento. A partir daquele momento, e cada vez mais, a competição entre países, regiões e cidades passou a depender muito mais da educação do povo e da sua capacidade de gerar conhecimento e inovações do que das vantagens comparativas clássicas. Segundo Roberto Spolidoro, conhecido cientista político e um dos mais destacados especialistas brasileiros em polos e parques tecnológicos, ignorar ou desconhecer, nos dias de hoje, a onipresença de termas como ciência, tecnologia e inovação na vida da sociedade, é condenar-se à irrelevância econômica e à incapacidade de organizar uma vida digna para o conjunto da sociedade.  Ainda, segundo Spolidoro, as transições de paradigmas históricos criam extraordinárias oportunidades e ameaças às gerações que as vivenciam, sendo a capacidade de perceber esses desafios e de estruturar respostas adequadas para vencê-las é que vai diferenciar as sociedades que irão se projetar no futuro, daquelas que deverão se desintegrar ou se condenar à mediocridade.

Algumas lideranças de Petrópolis, compreendendo esse desafio, especialmente a abrangência da chamada Economia do Conhecimento, como um novo momento na competitividade  entre cidades e regiões, decidem, entre 1997 e 1998, idealizar a criação de um polo tecnológico em Petrópolis. Com o importante apoio do Sistema Firjan, em novembro de 1999, em evento no LNCC, acontece o lançamento público da proposta de criação do Petrópolis-Tecnópolis. Na ocasião, um protocolo de intenções é firmado entre o Ministério de Ciência e Tecnologia, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, a Prefeitura de Petrópolis e o Sistema Firjan, através do qual as partes assumiam o compromisso de desenvolver esforços para a implantação de um polo tecnológico na região, com a indicação da Funpat – Fundação Parque de Alta Tecnologia de Petrópolis como a sua entidade gestora.

No seu período inicial – 2000 à 2004, a proposta viveu um bom momento, com forte credibilidade decorrente de uma ampla visibilidade, em função da conquista de importantes ativos. O Governo Federal através do MCT, Finep e CNPq participava, ativamente, do projeto, traduzido por aportes substanciais de recursos e bolsas. Destaque especial para a formação de massa crítica de empresas de base tecnológica na região, em função da concessão de perto de 300 alvarás, por parte da Prefeitura de Petrópolis, para a instalação de empresas do segmento TIC, atraídas pela visibilidade do novo polo tecnológico e pelos incentivos fiscais oferecidos pela municipalidade, especialmente a redução do ISSQN, de 5 para 2%, na ocasião, uma das poucas prefeituras do país a adotar políticas de incentivos à atração de empresas.

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