Os hipócritas do sim e do não
Mais uma vez, o Brasil assistiu à encenação de políticos num Congresso hipócrita e pernicioso, fantasiados de “patriotas” e defensores de um povo sempre esquecido. O que mais se ouviu foi a farsa de se falar em defesa do “meu povo sofrido” que, se realmente honrassem tal sentimento, abririam mão de todas suas mordomias e benesses, além de trabalhar mais e criar projetos honestos em relação ao povo – como reforma do Código Penal e a devida redução de idade. Mas fazer o que se este mesmo povo espoliado e faminto se vende por um sanduíche de “mortandela”?
Recebo, agora, um longo vídeo sobre as ignoradas mazelas deste país, principalmente, na região nordestina onde há famílias sobrevivendo com 70 reais por mês – miséria total – diante da contrapartida de “espertos” que possuem dezenas de cartões “bolsa-familia” para sustentar seus deleites e, quase sempre, pessoas ligadas a políticos que facilitam tais falcatruas, conforme foi provado em recente investigação mas que tudo ficou esquecido pela mídia. E o vídeo tem o título sugestivo de “Campanha contra a corrupção no Brasil” e como subtítulo – “Tenho vergonha dos políticos brasileiros”. Dá vontade de enviar cópia para todos integrantes do Congresso mas seria perda de tempo para quem vive numa casta superior mas miseráveis do caráter que não possuem.
E a situação caótica de nosso Brasil tem suas raízes na total ignorância de grande parte da população que, fanaticamente, acredita em tudo que houve ou, por comodidade e egoismo de muitos, que fecham os olhos mesquinhos para todas as mazelas, desde que não os atinjam.
A patética pantomima levada em cena, dia 3, pelo Congresso, misturou-se – de um lado elementos vendidos ao governo em “defesa” de seu estado, cujas verbas liberadas se diluirão nas “burrocracias” – particular e federal – de sempre. E de outro lado, uma oposição mais hipócrita ainda que não perdeu a oportunidade de “endeusar” a mulher honesta que é Dilma Rousseff que, desde sua cassação não para de viajar a passeio pelo exterior, com todo seu séqüito fúnebre de rainha destronada, mas pesado, às expensas do erário, isto é, às nossas custas.
Tal fanatismo na criação de ídolos de barro – políticos sem caráter – faz-me lembrar das palavras definitivas de Gerald White Johnson, escritor norte-americano (1890-1980) quando disse: – “Heróis são criados por exigência popular a partir de materiais imprestáveis”. Nada mais acertado e explícito, em todos os sentidos pois, um dos materiais imprestáveis, além do próprio, existe na eterna bajulação da mídia e arma indispensável de qualquer político está com ela sempre engatilhada para não perder a oportunidade de colocá-la em ação.
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