Os planos da Portuguesa para pagar dívida de mais de R$ 500 milhões e voltar à Série A como SAF

15/nov 18:10
Por Cynthia Decloedt e Eliane Sobral / Estadão

A Tauá Futebol – braço esportivo da casa de investimentos Tauá Partners -, detalhou seu projeto de investimentos de R$ 1,270 bilhão na Portuguesa. Boa parte deste capital, cerca de R$ 500 milhões, será feito pela Reeve na revitalização do estádio do Canindé, a famosa casa da Lusa, que passará a ter capacidade para 30 mil torcedores em dias de jogos e para 45 mil espectadores para shows e eventos. O projeto conta também com recursos da XP Investimentos.

“O contrato segue os mesmos moldes de Palmeiras e WTorre no Allianz Parque. Teremos participação sob direito de superfície em eventos que não sejam futebol e 100% da bilheteria em dias de jogos”, antecipou André Berenguer, sócio da Tauá Partners, em entrevista exclusiva ao Broadcast. O contrato com a Reeve é de exploração da cessão do direito de superfície por 50 anos.

A prioridade, porém, é mesmo recuperar o futebol da Lusa, que vai receber uma injeção de pelo menos R$ 270 milhões ao longo dos próximos cinco anos – só nos próximos 12 meses serão investidos R$ 30 milhões na estruturação da Sociedade Anônima do Futebol (que a Tauá comprou em Parceria com a XP Investimentos) e na estruturação do departamento de futebol.

A meta, disse Berenguer, é resgatar o time da distante Série D do Campeonato Brasileiro para a elite do futebol nacional o que, pelas contas do empresário, deve acontecer dentro dos próximos três anos. “Vamos dispor, imediatamente, de R$ 12 milhões para montar o time para o Campeonato Paulista de 2025 e já estamos em cima da hora”. Por conta de mudanças no calendário do futebol brasileiro, o Paulistão vai começar mais cedo no ano que vem, no dia 15 de janeiro.

PÚBLICO E RENDA

O retorno do capital investido segue a tradicional venda de direitos de transmissão e de jogadores, que hoje são as maiores fontes de receitas dos times no mundo todo. Mas elas devem demorar para irrigar os cofres da Lusa. Primeiro porque a transmissão da Série D é quase inexistente e, segundo, o elenco está longe de ter jogadores cobiçados. “Estamos quase finalizando a contratação de um técnico com as características da Lusa, de futebol raiz, do jogo bonito e para frente”, resume Alex Bourgeois, sócio da Tauá Futebol.

Segundo ele, o nome do novo comandante da Portuguesa deve ser anunciado nos próximos dias. O técnico vai embarcar no projeto de longo prazo da SAF e terá a missão de montar um elenco capaz de fazer da Portuguesa um time rentável.

RENTÁVEL E SEM DÍVIDAS

Hoje, o passivo da Lusa é calculado em pouco mais de R$ 500 milhões. “Uma dívida impagável”, de acordo com Berenguer. Mas a Tauá, por meio de seu braço de reestruturação de empresas, vai liderar a remodelagem do passivo em conjunto com o Munhoz Advogados. “Ainda é cedo para apontar por qual caminhos vamos seguir, provavelmente com a recuperação judicial, mas certamente vamos equilibrar as contas”, afirma Berenguer, que não descarta a formação de um private equity.

“Diante deste contrato assinado com a Portuguesa, vamos agora mergulhar na reestruturação que por sua natureza, não é complicada, embora a dívida seja elevada”, disse Berenguer. Ele prevê que, a partir desta transformação, novos investidores irão se aproximar deste capítulo da história da Lusa.

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