Os produtores de alimentos contra Thomas Malthus

02/jun 08:00
Por Aldo Rebelo

A cidade de São Paulo acolheu, nos dias 28 e 29 de maio, a Conferência Internacional Josué de Castro sobre Segurança Alimentar e Combate à Fome, que teve como patrono o ex-ministro da agricultura Alysson Paolinelli.

A Conferência foi realizada pela Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo e reuniu produtores rurais, estudantes, acadêmicos e especialistas de todos os continentes. Estavam representados a América Latina, a África, a Oceania, a Europa, os Estados Unidos, a China e a Índia com seus pesquisadores e representantes da atividade agropecuária.

O encontro mostrou que uma outra agenda é possível e necessária reunindo os responsáveis pelo combate à fome e pela segurança alimentar do mundo. A agenda existente até agora era apenas a da competição dos produtores rurais de um país em relação aos produtores rurais de outro, até se demonstrar que produtores rurais e criadores de todo o mundo precisam se unir contra a agenda neomalthusiana que criminaliza a vida e a produção de alimentos.

Thomas Malthus foi um economista inglês nascido no século XVIII e defensor da ideia de que não haveria lugar para os pobres no banquete da natureza, ou seja, que o mundo seria incapaz de produzir a quantidade necessária de alimentos para atender o crescimento populacional.

Os adeptos da teoria malthusiana habitam hoje as riquíssimas organizações não governamentais financiadas pelo mundo rico e que a pretexto de defender a natureza criminalizam a produção de alimentos, desprezando a ideia de que é possível proteger o meio ambiente e prover a segurança alimentar do planeta.  

As palestras dos convidados foram ricas em informações e conteúdo, demonstrando a viabilidade de políticas capazes de reunir práticas agrícolas e conhecimentos úteis aos mais diversos climas e solos de todos os continentes. As reuniões bilaterais se encarregaram de promover trocas de experiências e promessas de cooperação entre os participantes.

Os representantes do Mercosul discutiram as potencialidades de seus países como uma bacia unificada de produtores de grãos e proteína com práticas e políticas comuns.

Os produtores rurais manifestaram preocupação com a agenda da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas marcada para 2025 em Belém do Pará e que ela não se converta em uma plataforma contrária a atividade agrícola no Brasil e no mundo.

Na sua exposição, a presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvia Massruhá, propôs levar à COP de Belém a defesa da ideia de que a agropecuária brasileira é sustentável, ao traçar um panorama da evolução das técnicas de manejo e cultivo no setor.

A diretora-Geral do Centro Internacional de Agricultura Biosalina (ICBA), dos Emirados Árabes, Tarifa Ajeif Al Zaabi, manifestou interesse em cooperar com instituições brasileiras especializadas em agricultura no semiárido, dessalinização do solo e combate a pragas.

O acervo da Conferência está disponível para o acesso público em smri@prefeitura.sp.gov.br

*Aldo Rebelo é jornalista e escritor, secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, presidiu a Câmara dos Deputados, foi relator do Código Florestal Brasileiro e ministro nas pastas de Coordenação Política e Relações Institucionais; do Esporte; da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Defesa

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