Outubro Rosa: blogueira conta como venceu tipo mais agressivo de câncer de mama

15/10/2019 16:31

O câncer de mama triplo-negativo representa cerca de 15% de todos os casos de câncer de mama e é considerado o tumor mais agressivo e também o único que ainda não dispõe de uma terapia-alvo, ou seja, um tratamento específico e direcionado, capaz de bloquear os sinais que estão levando ao crescimento anormal. A petropolitana Dayane Sant’Anna venceu a doença há três anos e se tornou espelho para outras mulheres que estão na descoberta ou na fase de tratamento da doença. 

O diagnóstico do triplo-negativo é identificado na análise imuno-histoquímica, a qual dá origem ao nome: caso seja identificada a ausência dos três receptores que classificam câncer de mama (HER2; estrogênio e progesterona) na célula examinada, trata-se de um câncer de mama triplo-negativo, que apresenta uma taxa de mortalidade muito alta, entre 30% e 40%.

Encarar o diagnóstico não é uma tarefa simples e fácil, ainda mais se tratando de uma doença cheia de tantos tabus e mitos, como a crença na morte e os estereótipos cinematográficos que envolvem o câncer de mama. Diagnosticada com a doença no início de 2016, a blogueira Dayane Sant’Anna conta que quando recebeu o resultado de um exame que mostrava a alta probabilidade de um nódulo na mama ser um tumor, viveu dias de pura agonia esperando o resultado definitivo. “A associação que eu fiz é a que todo mundo faz, morte iminente. E com um filho de dois anos, eu fiz a última ceia de natal, eu fiz a última festa de ano novo, e extremamente angustiada, eu me sentia impotente por não poder fazer nada naquele momento”.

Após realizar a biópsia, receber o resultado, era o que faltava para Dayane dar uma virada de chave na vida, não apenas pelo longo processo de tratamento que seguiria a partir dali, mas para dar valor à vida. “Sempre fica uma esperança, e essa esperança se foi quando eu recebi o diagnóstico. E andando com a minha família em meio ao desespero, eu pensei: ‘quer saber, não tenho o que fazer, problema se eu vou ficar careca, se eu vou perder a mama, eu podia morrer a qualquer momento, mas eu não vou, existe tratamento e eu vou lutar’. Dali por diante, a minha perspectiva de vida mudou, eu queria viver, e eu decidi viver de verdade, porque aquilo me parecia precioso demais, e era como seu eu não estivesse aproveitando efetivamente”.

Os tumores triplo-negativo são considerados os mais agressivos entre os subtipos de câncer de mama, já que ainda não dispõem de uma terapia-alvo, ou seja, não foi possível desenvolver um tratamento específico e direcionado para esse tipo de câncer. Uma vez negativo para os três tipos de receptores, a doença acaba não respondendo a tratamentos hormonais (negativo para estrogênio e progesterona) e também não responde aos tratamentos com drogas específicas para o receptor HER2, limitando-se às estratégias mais gerais de tratamento. 

No momento, a cirurgia tem sido o tratamento para esse tipo de câncer, e a radioterapia pode ser usada como tratamento complementar. Após a cirurgia de mastectomia, Dayane passou por 16 sessões de quimioterapia e 30 de radioterapia. “Câncer de mama não é tudo igual, o que eu tive é o que menos avançou nas últimas décadas, em termos de tratamento, hoje é o mais investigado pela ciência. Muitos pacientes fazem, de cinco a dez anos, um tratamento oral, capaz de deixar a paciente protegida. São como bloqueadores, mas esse tratamento não existe para mim”, conta.

Além de não se saber ao certo a origem do tumor, o que dificulta a busca por tratamentos-alvo, o triplo-negativo acelera o crescimento das células produzindo metástases, ou seja, atingindo outros órgãos em menos tempo, se comparado aos outros tipos de câncer de mama. Além disso, as chances de o tumor reaparecer são altas e, apesar de não ter prevenção, quanto mais cedo ele for descoberto, maior a possibilidade de cura e tratamento.

Viver Eu Quero

O blog Viver Eu Quero, foi criado por incentivo de amigos e familiares, que chegavam com aquela ideia de que iam encontrar uma pessoa de mal com a vida e triste e encontravam uma Dayane sorridente.

“Eles acabavam saindo energizados com a minha nova perspectiva de vida, e eles me pediam para escrever alguma coisa para que chegasse as outras pessoas. Eu criei na segunda fase da minha quimioterapia, que é apelidada de vermelha, quando recebemos uma droga que é muito energética e eu tive que fazer uma preparação com muito corticoide. Eu não dormi por dois dias seguidos, então eu saí daquela fase de prostração e entrei nessa fase que eu estava muito ligada, e foi quando eu resolvi fazer o tal texto”, conta.

Hoje, Day, como é mais conhecida, faz parte da Frente Nacional de Combate ao Câncer do Rio de Janeiro (FNCC), que conta com 14 ONGs. No Instagram, o perfil @vivereuquero, conta com mais de 24 mil seguidores.

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