Pai Nosso V – Quarta prece
O pão nosso de cada dia nos dá hoje
Aqui se trata da miserável cesta de pão referente às necessidades do nosso corpo e da nossa vida temporal. É uma palavra breve e singela, mas de longo alcance. Pois quando você pede pelo pão de cada dia, você está pedindo por tudo aquilo que é necessário para se conseguir e comer esse pão; e também está pedindo que seja impedido tudo aquilo que se lhe oponha. Portanto, você precisa abrir bem a imaginação, incluindo não só o forno e a caixa de farinha, mas os vastos campos de toda a terra a produzir o pão de cada dia e toda espécie de alimento. Pois, se Deus não o mandasse crescer, abençoando e preservando-o na terra, jamais teríamos pão para tirar do forno nem para colocar na mesa.
O alcance desta prece (abrange) todas as esferas: (pedimos) que Deus nos dê comida e bebida, roupa, casa, propriedade, saúde; que Ele faça com que os cereais e os frutos do campo cresçam e produzam bastante; que também nos ajude a administrar bem a casa, nos conceda e preserve mulher, filhos e empregados íntegros; faça com que nosso trabalho, nossa profissão ou atividade avancem e tenham sucesso; que nos proporcione vizinhos leais e bons amigos. De resto, que dê sabedoria, capacidade e boa sorte ao imperador, ao rei e a todas as categorias da sociedade, a autoridades e prefeitos, para que governem bem; que dê obediência aos súditos e ao povo em geral e convívio em paz e harmonia; que nos preserve de toda sorte de danos ao corpo (e) ao sustento; (que nos proteja) contra temporais, granizo, incêndios, enchentes, tóxicos, pragas, morte do gado, guerra e derramamento de sangue, inflação, bichos nocivos, gente ruim.
Nesta prece fica subentendido tudo aquilo que é necessário para a subsistência sobre a terra. Ora, para se viver não basta que nosso corpo venha alimento, roupa e outros itens necessários, mas precisamos poder conviver em paz e tranquilidade com as pessoas ao nosso redor, nas lides diárias e de um modo geral. Isso inclui o âmbito doméstico, a vizinhança e também o âmbito da cidadania e governo. Onde esses dois forem impedidos, não podendo funcionar como deveriam, também fica impedido aquilo que é necessário para se viver, acaba a sustentabilidade. Aliás, é muitíssimo necessário interceder pelas autoridades e pelo governo civil, uma vez que esses são o principal fator pelo qual Deus preserva nosso pão de cada dia e todas as amenidades desta vida. Mesmo que recebamos de Deus todos os bens em abundância, não poderemos mantê-los nem usá-los com segurança e tranquilidade se Ele não nos garantir um governo durável e pacífico. Onde houver tumulto, conflito, guerra, logo vai faltar pão.
Esta oração está voltada principalmente contra o nosso maior inimigo, que é o diabo. Ele não se dá por satisfeito em atrapalhar e destruir o regime espiritual, levando as almas para o mau caminho por meio das suas mentiras; ele perturba e impede também a preservação de todo e qualquer governo e atividade digna e pacífica sobre a terra. Ele se incomoda com o fato de alguém ganhar de Deus um pouco de pão e comer em paz.
Veja, pois, como Deus quer nos mostrar que cuida de todas as nossas necessidades, suprindo fielmente também nosso sustento material. Ele quer que peçamos por isso, para que reconheçamos que o recebemos da Sua mão e nisso percebamos Sua paternal bondade para conosco. Pois, se Ele retirar Sua mão, a coisa não pode prosperar nem ser preservada realmente, como bem se vê e percebe diariamente.
(Fonte: Catecismo Maior, p. 99-101)
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