Panleucopenia felina: saiba o que fazer para proteger seu gato
Muito se fala sobre doenças infectocontagiosas em animais domésticos, sobretudo cães e gatos, e uma das mais comuns é a panleucopenia felina, que é causada por um vírus pertencente à família Parvoviridae, sendo classificado como parvovírus felino. É, portanto, uma doença viral que acomete exclusivamente felinos, Independe de faixa etária ou sexo, mas manifesta-se principalmente em gatos jovens, entre 1 e 2 meses até 1 ano de idade, sendo rara sua ocorrência em animais adultos.
Segundo a veterinária Rosana Portugal, a predominância de casos em filhotes ocorre devido à baixa imunidade. “A imunidade dos filhotes é menor do que a de gatos adultos saudáveis e bem tratados. Mas é claro que animais desnutridos, desidratados tem também a grande possibilidade de contrair esta doença”, explica.
De acordo com Rosana, este vírus é encontrado em todo o ambiente, por ser altamente contagioso. Seu reservatório são os próprios gatos, sendo transmitido através do contato direto entre animais doentes e susceptíveis, por meio de alimentos, água contaminada, excretas, vômito e também por aerossóis através da inalação de gotas de secreções infectadas que estão suspensas no ambiente, em casos de comprometimento do trato respiratório. Outro modo de transmissão se dá através de fêmeas gestantes infectadas.
A Panleucopenia Felina manifesta-se em geral quando existem aglomerados de felinos, como ocorre em exposições de animais, gatis ou mesmo parques públicos, ocasionando alta morbidade e alta mortalidade. Após o período de incubação, que é relativamente curto, em torno de uma semana, os animais adoecem subitamente com sintomas de apatia, êmese, anorexia e diarreia, sendo esta última de aspecto mucoso, podendo ser sanguinolenta, importante para o diagnóstico clínico.
“Na cidade temos populações de gatos em vários terrenos baldios e também na mata que circunda o município. Estes animais correm o risco de ser afetados por esta e outras patologias e precisam ser auxiliados pela população e pelo poder público. Não devem ser abandonados à própria sorte pois, apesar de felinos serem caçadores natos e, portanto, aptos a viver nas matas, acabam prejudicando a fauna nativa de pássaros e outros pequenos animais. Assim, acabam disseminando doenças várias e levando a um grave desequilíbrio ecológico, que acaba prejudicando todo o ecossistema e a própria população humana. Assim surgem várias patologias novas em nossa região. Precisamos falar sobre este assunto e discutir alternativas para resolver estas graves questões que envolvem saúde pública”, explica a veterinária.
No caso específico da panleucopenia, ela não é uma zoonose, isto é, não é transmitida ao ser humano. Este vírus se multiplica em células que estão em multiplicação ativa, sendo assim, a infecção ocorre em tecidos que possuem alta taxa mitótica. Em animais mais velhos, a infecção ocorre mais intensamente no tecido linfático, medula óssea e criptas da mucosa intestinal. Nos casos de infecção pré-natal tardia ou neonatal precoce, afeta tecido linfático, medula óssea e pode afetar também sistema nervoso central, retina e nervo óptico.
Os sintomas variam de acordo com o estágio de desenvolvimento do felino no período que é exposto ao vírus. Pode ocorrer a infecção transplacentária, podendo levar a alterações, incluindo má formação fetal. Nos casos da infecção ocorrer em animais recém-nascidos, freqüentemente há o aparecimento de lesões cerebelares, sendo observados sinais de alterações no sistema nervoso central, como incoordenações motoras, andar cambaleante, entre outros. Já em filhotes mais velhos, os sinais clínicos vão desde infecções praticamente assintomáticas até os casos de morte súbita, sendo as manifestações clínicas: depressão, inapetência, febre, êmese, desidratação, diarréia fétida e abdômen sensível à palpação. O diagnóstico é feito através da associação dos sinais clínicos com resultados dos exames de sangue.
“O tratamento é caro e trabalhoso, no entanto, animais que conseguem sobreviver até 7 dias têm grandes chances de não vir a óbito, pois, por ser uma doença de caráter agudo, com o tempo o animal acaba adquirindo resistência, responde ao tratamento de suporte e vence a doença”, lembra Rosana Portugal.
A prevenção é realizada através da vacinação. Os gatos jovens devem ser vacinados contra a panleucopenia felina aos 2 meses de vida e devem receber reforço depois de um mês. Os adultos devem ser revacinados todos os anos para a manutenção do nível de anticorpos que conferem proteção contra a doença.
“Algumas pessoas acham que gatos não precisam de vacina, mas isto não procede. Procure o médico veterinário, único profissional apto para realizar procedimentos como vacinação em seus animais, e converse com ele sobre esta doença. Ele irá indicar o melhor protocolo para seu gatinho”, orienta.