Papai Noel, a lenda e a história

27/12/2017 13:04

Eu tive uma infância feliz. Acreditei na existência de Papai Noel até meus quatro anos de idade, e creio que levaria mais tempo acreditando se não fosse um acontecimento que me fez perder parte de minha inocência, ao destruir meu sonho. Em dezembro de 1940, aos quatro anos de idade, escrevi de próprio punho, pela primeira vez, minha cartinha para Papai Noel. Lembro que pedi três presentes: muitos soldadinhos de chumbo, uma bola de borracha e um velocípede. Lembro também que fiz toda a força do mundo para me manter acordado pra ver a chegada de Papai Noel. Já estava com os olhos ardendo e cambaleando de sono, quando mamãe conseguiu me convencer que deveria dormir. – Enquanto estiver acordado – iniciou ela a falar, Papai Noel não aparecerá.

O grande prazer dele é surpreender. Ate hoje, nenhuma criança neste vasto mundo, conseguiu vê-lo pessoalmente. Diante disso, apaguei. Na manhã seguinte, antes de lavar meu rosto, corri até a janela para ver meus sapatinhos. Dei um largo sorriso. Estavam cheios de soldadinho de chumbo. Em seguida corri em direção da árvore de natal, repleta de embrulhos a seus pés. Ali encontrei, em belo embrulho de papel de seda colorido, uma grande bola de borracha e várias roupinhas e uma cartinha. Na carta, Papai Noel me dizia que por estar sobrecarregado de encomendas deixaria meu velocípede para o próximo natal. Chorei decepcionado. Meu tio Tennyson, irmão de papai, a me ver chorando, tentou me consolar: – Não adianta ficar aborrecido e derramar suas lágrimas por uma pessoa que não existe. Papai Noel não existe. Papai Noel é o seu pai e seu pai está desempregado.

Por esse motivo não pode comprar um velocípede. No próximo natal, tenho certeza, ele comprará. Depois dessa revelação foi que chorei para valer. Agora, juntava à decepção, minha revolta e, para externar a revolta compus meu primeiro poema: “Papai é jornalista – Mas não ganha um só tostão – Não sei porque escolheu – tão horrível profissão.” Meu poema fez sucesso. A família, em peso, tomou conhecimento dele e sorriu. Para mim aquele foi o ano da morte de Papai Noel. Entretanto, em julho do ano seguinte, no meu aniversário, ganhei um belo velocípede, presente de minha saudosa tia Astréia, também conhecida como tia Iaiá. Apesar de minha decepção com o bom velhinho, garanto que se dependesse de minha vontade, gostaria de manter esse sonho em todas as crianças do mundo. Papai Noel existe sim. Seu verdadeiro nome é Nicolau, nascido na Turquia no ano de 280 dC.

 Foi ele um homem de muito bom coração. Costumava ajudar as pessoas, principalmente pobres, deixando saquinhos com moedas, próximas das chaminés das casas. Hoje, aos oitenta e um anos de idade, gostaria de voltar no tempo para escrever uma carta para o nosso Papai Noel. Já não pediria brinquedos. Nada de velocípede, soldadinhos de chumbo e bola de borracha, Sim, mas pediria que mantivesse a pureza e a inocência nas crianças, garantindo a elas que todo sonho poderá ser realizado através da fé. Desejo aos meus leitores um Feliz Natal e paz na terra aos homens de boa vontade. 

 

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