Papo de Pescador
Bom dia aos pescadores e pescadoras de plantão… bom dia também à todos aqueles que admiram esta arte. Finalmente um espaço para falar desse esporte e dessa paixão que encanta pessoas de todas as idades.
Em primeiro lugar, gostaria de fazer um agradecimento em nome de todos os colunistas, à toda a equipe da Tribuna de Petrópolis, em especial à amiga Renata Almeida, pelo carinho e respeito aos leitores, cedendo espaço para compartilharmos nossas experiências e nossas opiniões, em um meio de comunicação tão tradicional de nossa cidade.
Quero neste espaço, repassar minha vivência, contar sobre minhas viagens e sobre o aprendizado ao longo dessa caminhada. Dos primeiros passos com varinhas de bambu, aos complexos e longos lançamentos das iscas artificiais. Vou começar contando uma experiência que tive há alguns anos atrás, mas que está bem guardada na memória…
Comecei a pescar com meu avô, Sr. Francisco de quem tenho tanta saudade… velho Chico era aquele pescador das antigas, cheio de crenças e manias, com boas histórias pra contar… e também como um bom companheiro, meu pai, que sempre me incentivou tentando transmitir seus conhecimentos e toda sua experiência… não saíamos pra pescar com muita frequência mas mesmo assim, de repente, tomei gosto pela coisa. Pescávamos em ribeirões, riachos e lagos, usando as mais diversas iscas naturais: de minhocas e massas caseiras até peixes vivos. Desde então, passei a me interar mais do assunto. Comecei a pesquisar bastante, procurei livros e vídeos, busquei lugares e pessoas que pudessem me acrescentar e me ensinar mais. Tive sede de aprender tudo o que podia sobre a pesca, (tenho até hoje), procurando aprimorar a arte. Nos últimos anos, descobri a mais apaixonante de todas as pescarias: o mundo das iscas artificiais.
Pesquei em muitos lugares, com os mais diversos tipos de material e de isca… tive a oportunidade e apreciar paisagens maravilhosas e lindos exemplares de peixes de todas as espécies: dos menores e mais coloridos lambaris aos maiores e mais fortes dourados. Peixes de água doce e salgada, animais pacatos ou vorazes predadores, que fizeram correr em minhas veias uma paixão inexplicável!
Desde sempre pescava as famosas traíras, com varinhas de bambu. Mas depois de muitas experiências, descobri uma coisa realmente excitante: a pesca de traíra nas iscas de superfície.
Comecei a pescar traíras em lugares diferentes e enlouqueci quando peguei o primeiro exemplar com uma isca artificial de superfície- Hélice. Um dia inteiro arremessando e ainda estava aprendendo a utilizar o material, tentando fazer o trabalho correto com a isca, quando um vulto preto passou por baixo dela e remexeu toda a água em volta. Coloquei uma isca ainda maior e arremessei mais algumas vezes no mesmo lugar… e nada. Apenas a água barrenta, revolta pela movimentação. Já estava para ir embora, meio cansado e ao mesmo tempo desacreditado, quando resolvi dar o ultimo arremesso… Mirei no cantinho perto do capim, e fiz o arremesso, ainda meio sem jeito, sem prática, mas consegui alcançar o lugar desejado.
Comecei a trabalhar a isca… mas a medida que ela se afastava da margem, minhas expectativas iam diminuindo… mais uma trabalhada e nada… até que, lá pelo meio do lago, uma explosão de força, espirrando água para todos os lados… fiquei assustado com a voracidade e energia desse peixe que não tem medo de nada, e quando está com fome engole qualquer coisa que passar a sua frente! Foi LINDO! Minhas mãos tremiam e minha empolgação era tão grande que quase esqueci de tirar o peixe.
– Olha gente, olha, olha, olha! Meu Deus! Venham ver isto! – gritava aos companheiros para presenciar aquele momento inesquecível.
Foi arrepiante e inesquecível. Uma traíra de pouco mais de 1kg, mas que naquele momento parecia pesar uma tonelada. Ainda um pouco trêmulo, tirei a garatéia e a ergui mostrando o exemplar a todos que estavam em volta e em voz bem baixinha agradecendo a Deus pelo feito. Essa foi minha primeira traíra pega na isca artificial, um momento que ficará guardado eternamente na memória.
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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Jornal Tribuna de Petrópolis.