Para CNI, acordo Mercosul-UE pode ajudar mitigar desigualdades entre as duas regiões

27/mar 16:25
Por Francisco Carlos de Assis, Gabriel Tassi Lara, Letícia Naome e Marianna Gualter / Estadão

O acordo entre Mercosul e União Europeia é uma das ferramentas que podem mitigar as desigualdades entre as duas regiões, disse nesta quarta-feira, 27, na abertura do 8º Fórum Econômico Brasil-França – A Transição para a Economia Verde, que acontece na sede da Fiesp, em São Paulo, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban.

A fala de Alban foi um recado ao presidente da França, Emmanuel Macron, grande opositor do acordo e presente ao evento, ao lado do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Outro instrumento que pode fortalecer as nossas relações é o Acordo Mercosul-União Europeia. Reconhecemos alguns desafios que tanto o Brasil quanto a França enfrentam em relação ao tratado. Entretanto, estamos confiantes de que, a longo prazo, os benefícios da integração das duas regiões vão superar as adversidades iniciais, proporcionando expressivos ganhos para Brasil e França e para os demais signatários do acordo”, disse Alban, ao conclamar empresários brasileiros e franceses que atuam no Brasil a se tornarem embaixadores em defesa do acordo.

Para ele, com o tratado, os dois países terão melhores condições para construir uma agenda conjunta que dê respostas adequadas à descarbonização da economia, à transformação e à regulação digital e a outros desafios contemporâneos.

“É com espírito de colaboração e visão de futuro que devemos seguir trabalhando para acelerar o desenvolvimento econômico e social sustentável e para revitalizar a integração e a cooperação científica e tecnológica nos nossos países e regiões”, reiterou o presidente da CNI.

Ao se referir às relações entre Brasil e França, Alban disse o Brasil é o principal mercado para os investimentos dos franceses em países emergentes.

“Atualmente, a França é o 5º investidor direto no Brasil e tem mais de 1.150 subsidiárias de empresas estabelecidas no país, que empregam 520 mil pessoas e faturam 61 bilhões de euros por ano. A dinâmica das nossas relações econômicas se baseia tanto no comércio quanto no investimento. Para as empresas francesas, o Brasil pode ser muito mais do que um simples mercado. Pode ser parte da estratégia de desenvolvimento global dos negócios”, disse o executivo.

Balança Comercial

Para ele, há espaço para se equilibrar a balança comercial já que a França é o nono maior fornecedor do Brasil. Em contrapartida, o Brasil ocupa o 36º lugar na lista dos países que exportam para a França.

Em 2023, disse Alban, a indústria de transformação foi responsável por 72% das nossas vendas para os franceses.

Entre os principais produtos brasileiros embarcados para aquele país estão alimentos industrializados, combustíveis minerais e café. Embora a pauta exportadora seja relativamente diversificada, a participação dos produtos nacionais no mercado francês é de apenas 0,5%.

Nos últimos cinco anos, as vendas do Brasil para a França cresceram 12% e alcançaram US$ 2,9 bilhões em 2023″, pontuou o presidente da CNI.

Ainda, segundo Alban, o acelerado processo de desindustrialização que o Brasil vem enfrentando, associado a uma pauta exportadora concentrada no setor primário, dificultou o crescimento econômico e a inserção do país no cenário internacional.

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