Paralelos e parâmetros

06/05/2017 12:00

Embora duas palavras de significados específicos e distintos, se cruzam no meio do caminho pelas circunstâncias da analogia pois, o bom senso assim exige. Por mais conhecimento de seus significados de cada um, somos forçados a “cruzar” paralelos para usarmos como referência.

De um modo geral, todos são parciais em suas reações, exigindo dos outros aquilo que não aceita para si. O governo está querendo executar reformas para atender aos “supostos anseios do povo” como declarou o presidente Temer, justificando que segue as regras trabalhistas na Espanha em relação às mudanças. Também espelhado em outros países, se propõe a reformular (mais uma vez) a Previdência, desprezando o quando tem a receber de contiribuições – falácias de quem nunca foi patrão nem empregado para sentir as agruras de cada um. E é aqui que entram os “paralelos e parâmetros” quando não se espelha em outros países em assuntos mais sérios como as mordomias concedidas aos políticos. 

E é na Suécia que o sr. Temer e o Congresso deveriam se mirar para as reformas políticas antes de qualquer outra para dar o necessário exemplo à população. Lá, vereadores e deputados regionais (estaduais) não recebem salários, nem possuem carros com motoristas e devem usar os seus próprios celulares. Não têm secretárias particulares e muito menos uma multidão de assessores. O prefeito da Capital anda de ônibus. O Primeiro-ministro circula de metrô ou de bicicleta. Os deputados federais moram em apartamentos funcionais de 16 a 46 m2. Lavam e passam suas próprias roupas – um bom exemplo para as mordomias daqui. 

 Essas sim seriam as verdadeiras bases nas quais o governo federal deveria se orientar e imitar o que é bom, copiando um sistema eficiente, econômico e eficaz, em vez de inventar o feio que envergonha até defunto na sepultura, para dar exemplo à população pois, afinal, o exemplo tem que vir de cima como prega o velho ditado. Por isto digo no soneto – “Nosso Torrão”:


“O Torrão agoniza num lamento! / Sofre em cada lágrima calada,/ soluça pelo medo da alvorada/ 

e as correntes trazidas pelo vento.

As águas se revoltam num tormento:/ fortes ondas agridem, na amurada,/ ecoando em protesto à terra amada/ que sucumbe, sem dó e sem alento.

O sol se esconde, triste – não mais brilha:/ desânimo que surge e que a todos acossa/ numa permanente e eterna vigília. 

E enquanto o amargo fel finge que adoça,/ gargalham as hienas, na partilha,/ se do ouro derramado fazem troça.”

De nada adianta e em nada resulta, espremer o povo, principalmente a fração mais miserável da sociedade e exigir dela patriotismo e seriedade, como dizia Santo Ambrósio – “Não exija honestidade de quem tem fome” e eu complementaria – “nem serenidade”.

jrobertogullino@ gmail.com


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