Partidos gastam milhões

26/07/2016 12:00

Dos mais de 26 mil candidatos que concorrem aos cargos de deputado estadual, deputado federal, governador, senador e presidente em 26 estados e no Distrito Federal, apenas 3,6 mil (14%) declararam ter recebido doações em dinheiro ou serviços. Ou seja, o restante informou não ter tido arrecadação. Para o secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, o comportamento dos partidos e candidatos e do próprio TSE “foi frustrante já que as doações ocultas, segundo ele, permanecem ocultas”. “As empresas investem – não doam – esperando um retorno financeiro no futuro”, afirmou. Só no primeiro mês de campanha para as eleições de 2014 as grandes empresas doaram R$ 224 milhões, repetimos, só no primeiro mês. E os maiores doadores foram as empreiteiras e a indústria alimentícia.  E nos últimos meses, ao serem delatados, os políticos, empresários e funcionários de estatais usaram invariavelmente a frase feita que já virou motivo de chacota: “Todas  as doações foram legais e autorizadas pela justiça”. Talvez não exista uma frase tão falsa, tão mentirosa, que, dentre milhões de pessoas que a leram ao longo dos tempos, temos certeza de que nenhuma sequer deixou de pensar na sua falsidade.

Assim são os políticos corruptos, estão se lixando para o que pensamos. Ou nos consideram um povo extremamente idiota e que não merece nenhuma consideração e respeito. Quem não se lembra daquele político que fazia comentários numa rádio do Rio de Janeiro sobre as atitudes desonestas dos demais políticos e culminava sua crítica radiofônica com a frase “o povo merece respeito”, que virou marca registrada do seu comentário diário. Pois bem, este político é um dos maiores corruptos deste país e está na eminência de perder o seu mandato de deputado. E o nome deste cínico deputado é Eduardo Cunha.

Mas, voltemos às doações. Ao receber uma doação, os diretores, parlamentares e políticos de um modo geral, nada mais estão fazendo do que se vendendo aos interesses escusos das grandes empresas e políticos corruptos. Isso é óbvio. Se considerarmos que todos os políticos e funcionários públicos e de estatais recebem o seu salário normal para defenderem os interesses das suas empresas, teremos que a propina nada mais é do que uma traição àqueles que lhes pagam honestamente por sua fidelidade e produção. O político que vende o seu voto, se vê obrigado a votar a favor de quem o subornou com doações. A propina recebida comprou a sua consciência, não importa se lhe pediram o voto por razões dignas ou indignas. Ele fica refém do doador nos seus objetivos desonestos, porque se fossem honestos não precisaria subornar ninguém. A empresa que usa destes artifícios para crescer e atingir suas metas é digna de repúdio, condenação e boicote dos consumidores. Não é uma empresa honesta e cedo ou tarde pagará por seus erros. É questão de tempo.  

Como fazer, então, para que os candidatos a cargos políticos consigam apresentar suas propostas ao povo? Bastariam os horários gratuitos na televisão e no rádio. As doações são imorais e um grande negócio para os partidos, candidatos e empresas.  Somos capazes de apostar que a grande atração das eleições, de qualquer eleição, são os ganhos financeiros delas. Estamos cansados de ver que a empresa tal doou R$ 3 milhões, R$ 5 milhões, R$ 4 milhões para o candidato X, Y ou Z. É o melhor negócio do mundo para o partido – que também recebe doações do Estado, que é outro absurdo. Tanto que já existem mais de trinta partidos no Brasil que vivem correndo atrás das doações do governo e dos empresários.  Nem sempre o interesse do candidato é fazer política. O objetivo de todos são as “doações de campanha”. O que não significa dizer que assumir um mandato seja um mau negócio. Muito ao contrário: é o melhor negócio desonesto do mundo… Neste país ainda corrupto. Ve retro satanás.


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