Passageiro de Porsche tem quadro de saúde ‘delicado’ e deve passar por nova cirurgia

08/abr 21:37
Por Caio Possati / Estadão

O quadro de saúde do estudante Marcus Vinícius Rocha, de 22 anos, que estava no banco do passageiro do Porsche conduzido pelo empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24, é “delicado”, informou o advogado Roberto Soares Lourenço em nota divulgada nesta segunda-feira, 8.

O defensor disse também que Rocha passaria por uma cirurgia em razão de um “derrame pleural bilateral”, que é o acúmulo de água no espaço da pleura, uma membrana formada por camadas que revestem o pulmão e a caixa torácica.

“Sobre a situação atual de Marcus”, diz o advogado, “ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva e fará uma cirurgia devido a um derrame pleural bilateral com permanência de dreno em ambos os lados, complicações causadas pelo trauma. Seu estado de saúde é delicado”.

Marcus Vinícius está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em uma unidade do Hospital São Luiz, em São Paulo, por conta do acidente que tirou a vida do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana na madrugada de 31 de março.

Na última sexta-feira, 5, o Estadão mostrou que o estudante teve quatro costelas quebradas, e que precisou passar uma cirurgia para a retirada do baço. Ele estava entubado e em coma induzido na UTI, e sem previsão de alta.

Rocha estava no banco do passageiro quando o veículo de luxo, avaliado em R$ 1 milhão, colidiu contra o Renault Sandero do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, na Avenida Salim Farah Maluf, na zona lesta paulistana. Viana chegou a ser socorrido, mas não resistiu e morreu por traumatismos múltiplos horas depois do acidente.

O Hospital São Luiz afirmou que não tem autorização para passar informações sobre o quadro clínico do paciente.

Pelas imagens captadas pelas câmeras de segurança é possível perceber a violência da colisão. O choque leva os dois carros para o canteiro da avenida, cuja velocidade máxima permitida é de 50 km/h. Um deles bate no poste de luz, o que provoca a queda imediata de energia elétrica no quarteirão.

O empresário negou que estivesse em alta velocidade e que estivesse dirigindo sob efeito de álcool. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) afirmou que os radares de velocidade da região estavam desativados no momento da colisão. Por estar internado, Marcus Vinicius não foi ouvido ainda pela polícia.

A Polícia Civil indiciou Andrade Filho por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, lesão corporal ao companheiro que estava no veículo e fuga do local do acidente, mas a Justiça de São Paulo negou o pedido de prisão temporária por considerar que não havia elementos suficientes para isso.

Com o avanço das investigações, a polícia pediu mais uma vez a pedir a prisão de Andrade Filho, mas, desta vez, foi solicitada a prisão preventiva do motorista do Porsche.

Como argumentos, a equipe do 30º Distrito Policial (Tatuapé), que conduz o caso, considerou os fatos de o empresário ser reincidente na violação de excesso de velocidade; por ter possivelmente ingerido bebida alcóolica momentos antes do acidente, conforme relatou testemunhas à polícia; por ter poder aquisitivo suficiente para sair do País.

“A Polícia Civil entende que o autor deve permanecer preso durante as investigações”, disse Ruiz, em entrevista coletiva realizada neste sábado, 6. Segundo ele, o Ministério Público voltou a dar parecer positivo para o pedido de prisão de Andrade Filho.

O inquérito deve durar no mínimo 30 dias. Apesar dos avanços, há ainda testemunhas centrais para serem envolvidas.

Procurada nesta segunda, a advogada de Fernando, Carine Acardo Garcia, não retornou aos contatos da reportagem. Em notas anteriores, afirmou que há “um linchamento” contra seu cliente, descreveu o acidente como “uma fatalidade”.

A Polícia Civil também investiga as razões para os policiais militares que atenderam à ocorrência terem liberado o empresário do local do acidente, que se apresentou quase 40 horas depois do episódio. O ouvidor Claudio Silva disse à reportagem do Estadão que a Ouvidoria da Polícia Civil acionou a Corregedoria da Polícia Militar ainda na segunda-feira, 1, para apurar a conduta dos PMs.

O empresário nega que tenha fugido e diz que foi o último a sair da cena do acidente, acompanhado da mãe. Na sua versão, tanto Marcus Vinicius Rocha quanto Ornaldo já tinham sido socorridos. Em depoimento, o empresário admitiu que não foi para nenhum hospital porque sua mãe passou a receber “ameaças pelo celular”. Ele afirmou que não viu quais ameaças porque sua mãe não havia deixado que ele visse as mensagens.

A Secretaria da Segurança Pública afirma que vai analisar a “dinâmica da ocorrência para identificar eventual erro de procedimento operacional”. A secretaria não precisou quanto tempo levou entre a chegada da PM ao local e o registro da ocorrência. (COLABORARAM GONÇALO JÚNIOR E ÍTALO LO RE)

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