Passageiros relatam o sufoco nos ônibus após a flexibilização das atividades econômicas
Com o avanço das flexibilizações, boa parte das empresas já retomou as atividades em Petrópolis. Como consequência, mais pessoas nas ruas e no transporte público. Apesar das regras para reduzir a quantidade de passageiros nos veículos, os trabalhadores que utilizam ônibus para chegar ao trabalho relatam o sufoco diário que têm enfrentado nos horários de pico. Com frota e horário reduzidos, eles denunciam que, em vez de controle sobre o número de usuários, há linhas circulando com a capacidade além da permitida.
Esse é o caso da linha 110 – Duarte da Silveira, da empresa Cidade Real. A escriturária Alice Iglesias disse que, na última segunda-feira, embarcou em um ônibus que tinha, além dos passageiros sentados, mais de 20 pessoas em pé, no horário de 17h30. “Aqui no Duarte todas as empresas voltaram a funcionar e a linha 110 não dá conta. Tinham colocado a linha 190 para suprir a quantidade de trabalhadores no horário de pico, mas tiraram nessa semana. As empresas denunciam as lotações clandestinas, mas com os ônibus lotados, a gente precisa de alternativas de transporte para chegar ao trabalho”, relatou.
Na Fazenda Inglesa, a situação é semelhante. A linha 122 – Fazenda Inglesa, da empresa Cidade Real, circula em horário de domingo e cobre também parte do itinerário do Alberto de Oliveira e Moinho Preto, o que dobra a demanda de passageiros. “Se, pelo menos, as linhas circulassem com horário de sábado, entre 17h e 19h, ajudava. Não tem aula, mas quem precisa trabalhar tem que andar em ônibus lotado, ou fica muito tempo dentro dos ônibus”, disse o técnico de laboratório Rafael de Souza.
A situação se repete no Vale do Carangola, onde os moradores estão revoltados. No último domingo, um dos ônibus da linha 519 – Vale do Carangola, da empresa Cascatinha, deixou os moradores por horas sem transporte. O morador Jésus da Silva Vicente disse que o veículo quebrou e, como estão com frota reduzida a demora na reposição de carro deixou os moradores a pé. “A Cascatinha não tem condição de operar só com um veículo. Nesse fim de semana ficamos três horas sem ônibus. Isso é um crime com a população, é uma coisa inexplicável”, lamentou.
Outra preocupação dos usuários do transporte público é com a mudança dos novos moradores do Conjunto Habitacional Vicenzo Rivetti, que também serão atendidos pelas linhas que atendem o Carangola. “Se não colocarem mais linhas, vai agravar um problema que já existe”, disse o morador.
A Tribuna questionou a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transporte (CPTrans) sobre quantas ações de fiscalização foram feitas desde o início das flexibilizações, mas a companhia não informou. Mas disse que a CPTrans atua para regularizar a oferta e demanda das frotas de ônibus da cidade desde o início da flexibilização. A companhia disse também que promove a fiscalização e correções diárias e pontuais de linhas que apresentam algum tipo de deficiência.
Ainda segundo a CPTrans, com a retomada gradual das atividades econômicas em Petrópolis, 38 linhas foram reforçadas. A companhia especifica que as empresas devem seguir à risca a Nota Técnica SAS/DVS/COVISA nº 15/2020, que delibera sobre as normas de segurança para os usuários dos coletivos e os profissionais que trabalham nos ônibus. Entre os principais pontos estão as normas de higienização, o uso obrigatório de máscaras e a delimitação do número de passageiros que poderão transitar em pé dentro dos coletivos, como 2 pessoas por metro quadrado.
Sobre a questão do Vicenzo Rivetti, a CPTrans informou que já providenciou a linha 504 (Carangola – Divino), que atenderá a comunidade a partir da próxima segunda-feira (27).
O Sindicato das Empresas de Ônibus de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro) também foi questionado e, ao contrário das denúncias, informou que as empresas estão cumprindo rigorosamente todos os decretos, regulamentações e recomendações municipais – além de passarem por fiscalização dos procedimentos adotados.
Sobre a quantidade de ônibus em circulação, o sindicato disse que as empresas oferecem, atualmente, entre 60% e 100% da frota “nas diferentes linhas de ônibus”, ainda que a demanda de passageiros seja inferior a 45%, segundo dados do mês de junho.
Quanto à lotação dos veículos, de acordo com as recomendações sanitárias do Departamento de Vigilância em Saúde de Petrópolis, os ônibus no município podem ter 100% dos assentos ocupados, além de ser permitida a quantidade de dois passageiros em pé por cada metro quadrado.
O número de passageiros em pé pode variar de acordo com o tamanho do veículo. Um micro-ônibus com três metros de comprimento pode ter seis passageiros em pé, enquanto o micromaster, com quatro metros, pode operar com oito pessoas em pé. O ônibus convencional, com 11 metros de comprimento, pode transitar com 12 passageiros em pé e o alongado, com 13 metros, pode operar com 16 clientes em pé.
Em caso de irregularidades, o Setranspetro orienta os passageiros que, no ato da denúncia, é necessário informar o dia, horário, número da linha de ôninus e número de série do veículo para que seja possível apurar e, se for o caso, resolver o problema.
*Atualizado às 21h22
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