Paulo Gustavo: irmã fala sobre a falta que sente do artista, que morreu há um ano
Há exatamente um ano, o Brasil perdeu um dos maiores nomes da comédia nacional. Paulo Gustavo morreu precocemente, aos 42 anos, vítima da covid-19. Em entrevista ao jornal O Globo, Ju Amaral, irmã do artista, contou como têm sido os últimos 12 meses.
“Dizer que não me revolto seria uma hipocrisia. Estou buscando na minha espiritualidade e fé esse entendimento e conforto. São muitas as dores presentes em mim. Não só pelo meu irmão, porque, assim como ele, milhares de pessoas morreram por falta de uma vacina que já existia.” Ela aproveitou para reforçar a importância de se vacinar. “A vida social voltou aos poucos graças a ela. Tomem a vacina.”
Paulo deixou dois filhos, Romeu e Gael, que hoje têm dois anos e oito meses. “Meus sobrinhos são lindos, engraçados. São os meus amores e eu sou alucinada por eles. E eles, por mim”, disse.
Nesta terça, Thales Bretas, que era casado com o artista, disse no Mais Você que tenta explicar para as crianças, de forma lúdica, que Paulo está morto. Ju falou que os dois ainda são pequenos para esse entendimento e lembrou de situações em que eles falaram da presença do pai.
“Às vezes, os dois dizem que o ‘papai Paulo veio visitar’, e aí, já viu, meu olho enche de lágrimas. Mas eu disfarço para eles não me verem chorar. Outro dia, Gael disse ao apontar para o céu: ‘Olha lá a luz do papai Paulo’. Romeu também já falou, quando acordou chorando: ‘O papai Paulo não virou estrelinha, ele estava aqui agora brincando comigo’.”
Ela também falou como Déia Lúcia, mãe dela e de Paulo, está se sentindo. “Vivemos juntas, ela cuida de mim, e eu cuido dela. Há dias em que a gente está no rir; em outros, no chorar. A nossa fé é que nos faz levantar da cama todos os dias. Mas o entendimento e a aceitação (da morte) ainda pretendo alcançar na doutrina espírita”, completou.
O humorista foi homenageado no carnaval deste ano do Rio pela escola São Clemente e Ju foi para a Sapucaí. “No dia do desfile, tirei forças não sei de onde para passar naquela avenida com todo o meu amor, mesmo na dor.”
Recentemente, a Justiça condenou por homofobia o pastor José Olímpio, que rezou pela morte de Paulo Gustavo. Ela comentou o caso e disse que o irmão questionaria “que preceitos de Deus são esses que autorizam as pessoas a propagarem ódio e violência”.
“Deus é amor ao próximo, é acolher, agregar, expandir e respeitar todas e quaisquer diferenças. Essas pessoas são doentes e se valem de uma falsa liberdade de expressão que, na verdade, é criminosa. Homofobia é crime. Racismo é crime.” Ju ainda reforçou que espera que o ocorrido sirva de exemplo para que as pessoas superem de uma vez por todas os seus preconceitos. “Meu irmão falava: ‘amar é ação'”, finalizou.