Paulo Pasta abre sua primeira exposição em Nova York

04/11/2022 08:10
Por Antonio Gonçalves Filho / Estadão

A pintura de Paulo Pasta começou a correr o mundo: primeiro foi uma exposição em Roma, depois em Londres e, a partir desta sexta, 4, suas telas ocupam a requintada David Nolan Gallery, em Nova York, criada em 1987 e representante do espólio do alemão George Grosz (1893-1959) e de outros gigantes nos Estados Unidos.

A exposição, que reúne telas abstratas de grandes dimensões, revela um novo caminho na pintura de Pasta. Essas obras recentes, definidas como representações poéticas de um espaço imaginário, sugerem por meio de linhas paralelas e diagonais o que o curador da mostra chama de “arquitetura metafísica”.

Essa pintura, ainda segundo a curadoria, remete à obra do arquiteto mexicano Luis Barragán (1902-1988), que combinou o melhor do modernismo europeu com as tradições mexicanas. Barragán foi o único mexicano a receber o cobiçado prêmio Pritzker, o Nobel da arquitetura, e, de fato, seus prédios e as cores que usava dialogam com a respeitosa evocação do cromatismo renascentista nas recentes telas do pintor paulista.

Antes da abertura da exposição em Nova York, o escritor irlandês Colm Tóibín, encantado com a pintura de Pasta, comprou uma tela sua. Tóibín, laureado este ano com o principal prêmio literário da Irlanda, é um colecionador e especialista em arte. Entre outros artistas que promoveu está a hiper-realista letã Vija Celmins, meticulosa como Pasta quando reproduz a natureza em seus desenhos.

As telas mais recentes do pintor brasileiro, além de acentuarem a proximidade cromática com os pré-renascentistas (Duccio, Giotto), subtraem da pintura dos mestres do Trecento a figura humana, privilegiando a arquitetura dos ambientes em que estão. Pasta destaca, no entanto, que essa subtração não é um gesto voluntarioso, mas uma tentativa de destacar a contemporaneidade dos mestres antigos por meio de uma nova concepção espacial.

Detalhe interessante é que o marchand David Nolan, ao mostrar essa pintura a Tóibin, recebeu dele, espontaneamente, a observação de que se tratava de um pintor brasileiro. A luminosidade de suas telas revelou a origem de Pasta, apresentado ao galerista pelo curador Simon Watson, que, no ano passado, organizou sua exposição Luz, no Museu de Arte Sacra. Pasta participa esta semana da Art Show, na Park Avenue, ao lado de Dorothea Rockburne e Barry Le Va (1934-2021).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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