Pedras no sapato

06/06/2016 12:40

“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes / mas não esqueço de que minha vida / é a maior empresa do mundo… / e que posso evitar que ela vá à falência. / Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver /  apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. / Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história… / é atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar / um oásis no recôndito da sua alma… / é agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. / Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. / É saber falar de si mesmo. / É ter coragem para ouvir um “Não”!!! / É ter segurança para receber uma crítica, / mesmo que injusta… / Pedras no caminho?/ Guardo todas, um dia vou construir um castelo…” – Fernando Pessoa. Como é o sapato que na maioria das vezes percorre o caminho, agora, vamos entrar no assunto tema. Pedras no sapato pode ser alguma coisa que te incomoda ou alguém que está te incomodando. Por exemplo, motos e carros de som fazendo um barulho ensurdecedor e a CPTrans não toma providência nenhuma para reprimir ou, se criar uma comissão para estudar a substituição das Vitórias por carros elétricos. Você já teve algum problema com seu banco ou cartão de crédito? E seu plano de saúde, deu dor de cabeça? Comprou algum produto que não foi entregue ou já chegou com defeito? E os serviços de telefonia, internet ou TV por assinatura deram trabalho ao longo do ano? É provável que grande parte dos consumidores responda “sim” a pelo menos uma das perguntas. Considerando o ranking dos atendimentos realizados pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idec, esses foram os assuntos que mais geraram dúvidas ou reclamações e que foram e continuam sendo pedras no sapato dos consumidores. Voltando ao assunto das Vitórias, cuidado que se as mesmas forem extintas, alguém pode comer carne de cavalo pensando que está comendo carne bovina. Convido a Comissão a utilizar melhor seu tempo em assuntos mais relevantes e que são, prioritariamente, pedras nos sapatos da comunidade petropolitana, tais como: mobilidade urbana, plano diretor, educação, saúde, meio ambiente, alagamentos e desastres ecológicos, corredor cultural, falta de planejamento e segurança. Recomendo, também, a leitura de dois excelentes artigos já publicados na Tribuna: “Descaracterização de Petrópolis”, de João Roberto Gullino e “Bondes elétricos, vitórias e cavalos”, de Gastão Reis, publicados respectivamente em 26 e 28 de maio passados. Vide, também, as razões apresentadas pela presidente da Anima Vida, Ana Cristina Ribeiro, que tem parecer contrário a substituição dos cavalos por veículos elétricos, em matéria publicada em 1 de junho passado e intitulada “Reunião discute a substituição das charretes pelos veículos elétricos”. O outro enfoque diz respeito a pessoas que, por exporem seus pontos de vista, muitas vezes com total embasamento técnico, passam a ser pedras no sapato de pessoa física ou jurídica que quer atingir seu objetivo. Geralmente o “staff” ideal de assessores e comissionados é aquele em que não há opinião divergente da chefia, não se transformando, assim, em pedras no sapato. “No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho / tinha uma pedra / no meio do caminho tinha uma pedra./ Nunca me esquecerei desse acontecimento / na vida de minhas retinas tão fatigadas. / Nunca me esquecerei que no meio do caminho / tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho / no meio do caminho tinha uma pedra.” – Carlos Drummond de Andrade.

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