Pensar diferente

21/12/2018 10:00

A história é antiga, já a conhecia há muitos anos. Hoje está na internet. As versões variam um pouco mas a essência é a mesma. Ocorreu com Carl Friedrich (ou Carlos Frederico) Gauss, matemático e astrônomo alemão (1777 – 1855), que trabalhou e produziu na primeira metade do séc. XIX. Quando tinha 10 anos de idade e estava na escola a turma fez uma travessura qualquer e o tutor disse que ficariam retidos todos, e só iriam para casa depois de somar todos os números, de 1 a 100. Em poucos instantes Gauss apresentou o resultado, 5050. “Não é possível”, “Não deu tempo”, “Está inventando” e outras exclamações similares e o garoto Gauss confirmou: “É isso mesmo”. Muito tempo depois os outros apresentaram o mesmo resultado. Indagaram: “Como foi possível em poucos instantes somar tudo?” Gauss respondeu com a simplicidade dos gênios: “Comecei como os demais, somando 1 + 2 + 3… e achei demorado. Tentei de trás para diante, 100 + 99 + 98… Mais demorado ainda. Então somei: 1 + 100 = 101, 2 + 99 = 101, 3 + 98 = 101 e vi que se continuasse iria até 50 + 51 = 101. Se cada par de números soma 101, a metade, ou seja, 50,5, é o valor médio dos números de 1 a 100. Basta acrescentar dois zeros para ter a soma.”

Essa história mostra a importância de se raciocinar de modo diferente para conseguir resultados melhores e mais rápidos. Outros episódios: Todos sabem que esferográfica com a ponta para cima não escreve. Nos primeiros voos espaciais os americanos descobriram que no espaço, sem gravidade, as canetas não funcionavam. Pesquisavam como por pressão nas cargas. Os russos resolveram simplesmente escrever a lápis. Outro: Um caminhão muito alto entalado em baixo de um viaduto. Engenheiros, técnicos, motoristas discutindo como tirar o veículo sem estragar mais o viaduto e o próprio caminhão. Uma criança disse: “Esvaziem os pneus que ele abaixa e sai.”

Ao longo dos tempos aprendi que quando todos vão numa direção é bom ver o que há na outra direção. Quando a propaganda diz que 9 entre 10 artistas usam tal marca é prudente verificar o que a décima sabe, e que as demais não sabem. Sempre se deve explorar um modo diferente de fazer as coisas. Mas é muito difícil, com a educação e o ensino que recebemos – principalmente na primeira infância – não aceitar o pensamento dos demais, professores, parentes mais velhos e outros adultos, que insistem que aceitemos sem discussão o que estão nos empurrando, mencionando que se deve respeitar os mais velhos e “mais sábios” (sic). Se desobedecemos somos classificados como rebeldes e mal comportados. Uma professora, um pouco diferente, quando perguntada “Professora de quê?” respondeu: “Qualquer coisa. Línguas, aritmética, história, geografia. O importante é que a criança aprenda a raciocinar, a pensar. O restante fará sozinha.” 

Costumo dizer que “Discordar é viver”. Mas não sou bem-aceito. Quando alguém afirma algo, pergunto: “Quem testou? Como testou?”. Quase sempre não há resposta segura. Somos obrigados a aceitar notícias incompletas, vindas pelos meios eletrônicos, sem contestar. Falso?  “Fake”? Fato? Meia verdade? O que pensam e como agem os leitores? E os políticos que devem nos representar?

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