Perigos da enchente: homem recebe alta após 12 dias em UTI por leptospirose

16/03/2022 16:22
Por João Vitor Brum, especial para a Tribuna

Além dos riscos em deslizamentos e enchentes, o temporal do dia 15 de fevereiro também pode causar graves doenças em pessoas que tiveram contato com a água dos rios. A Secretaria de Saúde divulgou um alerta para que pacientes com sintomas buscassem unidades do município para avaliação médica. O Antônio Marcos foi diagnosticado com a doença e ficou 12 dias no Hospital Santa Teresa, mas recebeu alta na última segunda-feira.

A família de Antonio Marcos mora em Fragoso, bairro de Magé, mas o sobrinho dele, Carlos Eduardo, estuda no Colégio Dom Pedro II, e no dia da tragédia ficou sem ter como voltar para casa. Depois de saber que o sobrinho não teria como retornar, Antônio subiu a Serra Velha da Estrela de moto até chegar em um ponto completamente bloqueado por deslizamentos, e por isso, subiu o restante do trajeto a pé.

“Passei a pé por seis barreiras, até chegar no Alto da Serra. Em um ponto, afundei a perna na lama, até um pouco acima do joelho, e na hora senti uma ardência na canela, mas achei que fosse um corte superficial, que não seria nada demais”, contou Antônio.

Ele conseguiu encontrar o sobrinho e os dois voltaram juntos para Fragoso. Mas dez dias depois do temporal ele começou a se sentir mal. “Comecei a ter febre e no primeiro momento achei que fosse virose. Cheguei a ir em unidades de saúde em Fragoso, mas na hora não liguei os sintomas ao contato que tive com a água da enchente. No dia 2 de março, fui ao Hospital Santa Teresa e já estava com os rins e o fígado paralisados”, explicou. 

Ele precisou passar por hemodiálises diárias e chegou a ir para uma unidade de terapia intensiva. Doze dias depois, ele recebeu alta. “Foi muito assustador, tanto pra mim quanto pra minha família. Nunca esperava que pudesse ser algo tão grave. Eu podia ter morrido, então agora o sentimento que fica é de gratidão”, disse.

Para ele, o principal é que as pessoas se alertem aos sintomas e busquem atendimento médico o mais rápido possível. “Tenho medo de que mais pessoas estejam contaminadas e achem que é outra coisa, mais leve. Todos precisam se cuidar, buscar atendimento, lembrar de cada detalhe para que algo mais grave não aconteça”, concluiu.

A Secretaria de Saúde reforça que, no caso de aparecimento dos sintomas, a pessoa deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua casa, Pronto Socorro ou hospital para avaliação médica, pois não existe vacina contra a leptospirose.

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