Município também aparece na terceira colocação no ranking das cidades com maior número de alertas emitidos
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), emitiu 3.620 alertas de desastres em 2024. O número divulgado na última quarta-feira (08) é o maior desde o início das atividades de monitoramento, em 2011. A ocorrência de desastres, ou seja, de eventos registrados, foi de 1.690, terceiro maior registro da série.
A cidade de Petrópolis aparece em primeiro lugar no ranking dos municípios com maior número de ocorrências registradas, com 44. Em seguida, aparecem Salvador (BA), com 33, e São Paulo (SP), com 27. Já em relação ao número de alertas emitidos, Manaus (AM) lidera a lista, totalizando 50. Na sequência aparecem Belo Horizonte (MG), com 44, e São Paulo (SP) e Petrópolis (RJ), com 41. Para o Cemaden, os dados refletem características geográficas, climáticas e socioeconômicas que tornam as localidades propensas a desastres de origem geo-hidrológica.
Cerca de 53% dos alertas emitidos em 2024 foram de risco geológico, relacionados sobretudo a processos geodinâmicos, como deslizamentos de terra. Os demais 47% foram associados a riscos hidrológicos, como enxurradas e transbordamentos de rios e córregos.
Em relação às ocorrências registradas, 68% foram de origem hidrológica, enquanto 32% foram de origem geológica. Segundo o Cemaden, a predominância de eventos hidrológicos reflete os impactos recorrentes das enchentes e enxurradas, notadamente em áreas urbanas mais vulneráveis.
Os alertas e as ocorrências registradas pelo Cemaden no ano de 2024 estiveram concentrados nas grandes regiões metropolitanas do país, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador. De acordo com o órgão, essa concentração também foi verificada em anos anteriores, refletindo a alta densidade populacional das áreas e a vulnerabilidade inerente às regiões urbanas, especialmente nas regiões Sudeste e Sul. Também há distribuição de ocorrências de desastres em áreas costeiras do Nordeste, evidenciando a importância do monitoramento em diferentes contextos geográficos.
Para a diretora interina do Cemaden, Regina Alvalá, os números reiteram a necessidade de ações integradas, com investimentos na gestão de riscos, bem como em ações em que as comunidades melhorem a percepção do risco.
“O crescente aumento de alertas emitidos e de ocorrências nos municípios corroboram balanços anteriores e a premente necessidade de investimentos integrados, tanto na gestão de riscos e de desastres, quanto na necessidade do aumento da percepção de riscos. Portanto, investimentos em ações estruturantes e não-estruturantes devem ser prioridades nos novos governos municipais que assumiram as prefeituras recentemente”, avalia Alvalá.
Desastre x evento extremo
O diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes, explica que alerta de desastre não é sinônimo de ocorrência de evento meteorológico extremo.
“O desastre é o impacto do evento meteorológico e não apenas a ocorrência do evento. O Cemaden emite o alerta do potencial impacto que um evento intenso pode ocasionar”, afirma. O impacto depende das condições e vulnerabilidades de cada localidade.
Moraes também destaca que o trabalho do Cemaden é altamente localizado e detalhado, ou seja, identifica o município e a tipologia de desastre, indicando a possibilidade de movimento de terra e/ou de enchente, por exemplo. O diretor reitera ainda que desde a criação do órgão todos os desastres registrados foram alertados. O Rio Grande do Sul, atingido por enchente histórica entre abril e maio, tem 45 cidades monitoradas pelo Cemaden, incluindo Porto Alegre.
“Nenhum dos desastres que impactaram as comunidades e chocaram a população brasileira deixaram de ser alertados com antecedência pelo Cemaden. Em outras palavras, o uso da ciência e da tecnologia, por essa unidade de pesquisa do MCTI, é o exemplo típico de como a ciência pode ser traduzida em resultados práticos e relevantes para subsidiar ações de respostas”, avalia Moraes.
Segundo o Cemaden, o balanço de alertas e ocorrências de desastres de 2024 reforça a relevância do monitoramento contínuo e da análise detalhada das dinâmicas de desastres no Brasil. A concentração de eventos em áreas urbanas, juntamente com a predominância de certas tipologias, ressalta a necessidade de estratégias integradas de mitigação e respostas, especialmente nos municípios que apresentam o maior número de áreas de risco. Essa abordagem é fundamental para reduzir impactos futuros e aumentar a resiliência das comunidades afetadas.
A análise dos alertas e das ocorrências ao longo dos anos demonstra um crescimento constante, que está relacionada à expansão do número de municípios monitorados, e ao aumento do número de eventos extremos de chuva e suas consequências.
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