Petrópolis foi a cidade com maior número de registros de desastres em 2024, segundo balanço do Cemaden

Município também aparece na terceira colocação no ranking das cidades com maior número de alertas emitidos

11/jan 07:43
Por Redação/Tribuna de Petrópolis I Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), emitiu 3.620 alertas de desastres em 2024. O número divulgado na última quarta-feira (08) é o maior desde o início das atividades de monitoramento, em 2011. A ocorrência de desastres, ou seja, de eventos registrados, foi de 1.690, terceiro maior registro da série.

A cidade de Petrópolis aparece em primeiro lugar no ranking dos municípios com maior número de ocorrências registradas, com 44. Em seguida, aparecem Salvador (BA), com 33, e São Paulo (SP), com 27. Já em relação ao número de alertas emitidos, Manaus (AM) lidera a lista, totalizando 50. Na sequência aparecem Belo Horizonte (MG), com 44, e São Paulo (SP) e Petrópolis (RJ), com 41. Para o Cemaden, os dados refletem características geográficas, climáticas e socioeconômicas que tornam as localidades propensas a desastres de origem geo-hidrológica.

Cerca de 53% dos alertas emitidos em 2024 foram de risco geológico, relacionados sobretudo a processos geodinâmicos, como deslizamentos de terra. Os demais 47% foram associados a riscos hidrológicos, como enxurradas e transbordamentos de rios e córregos.

Rio de Janeiro (6º) e Teresópolis também aparecem na lista dos municípios com maior número de alertas emitidos.
Foto: Divulgação/Cemaden

Em relação às ocorrências registradas, 68% foram de origem hidrológica, enquanto 32% foram de origem geológica. Segundo o Cemaden, a predominância de eventos hidrológicos reflete os impactos recorrentes das enchentes e enxurradas, notadamente em áreas urbanas mais vulneráveis.

Os alertas e as ocorrências registradas pelo Cemaden no ano de 2024 estiveram concentrados nas grandes regiões metropolitanas do país, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador. De acordo com o órgão, essa concentração também foi verificada em anos anteriores, refletindo a alta densidade populacional das áreas e a vulnerabilidade inerente às regiões urbanas, especialmente nas regiões Sudeste e Sul. Também há distribuição de ocorrências de desastres em áreas costeiras do Nordeste, evidenciando a importância do monitoramento em diferentes contextos geográficos.

Além de Petrópolis, Teresópolis (4º), Rio de Janeiro (9º) e Nova Friburgo (10º) aparecem no ranking das 10 cidades do país com maior número de ocorrências registradas em 2024.
Foto: Divulgação/Cemaden

Para a diretora interina do Cemaden, Regina Alvalá, os números reiteram a necessidade de ações integradas, com investimentos na gestão de riscos, bem como em ações em que as comunidades melhorem a percepção do risco.

“O crescente aumento de alertas emitidos e de ocorrências nos municípios corroboram balanços anteriores e a premente necessidade de investimentos integrados, tanto na gestão de riscos e de desastres, quanto na necessidade do aumento da percepção de riscos. Portanto, investimentos em ações estruturantes e não-estruturantes devem ser prioridades nos novos governos municipais que assumiram as prefeituras recentemente”, avalia Alvalá.

Desastre x evento extremo

O diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes, explica que alerta de desastre não é sinônimo de ocorrência de evento meteorológico extremo.

“O desastre é o impacto do evento meteorológico e não apenas a ocorrência do evento. O Cemaden emite o alerta do potencial impacto que um evento intenso pode ocasionar”, afirma. O impacto depende das condições e vulnerabilidades de cada localidade.

Moraes também destaca que o trabalho do Cemaden é altamente localizado e detalhado, ou seja, identifica o município e a tipologia de desastre, indicando a possibilidade de movimento de terra e/ou de enchente, por exemplo. O diretor reitera ainda que desde a criação do órgão todos os desastres registrados foram alertados. O Rio Grande do Sul, atingido por enchente histórica entre abril e maio, tem 45 cidades monitoradas pelo Cemaden, incluindo Porto Alegre.

“Nenhum dos desastres que impactaram as comunidades e chocaram a população brasileira deixaram de ser alertados com antecedência pelo Cemaden. Em outras palavras, o uso da ciência e da tecnologia, por essa unidade de pesquisa do MCTI, é o exemplo típico de como a ciência pode ser traduzida em resultados práticos e relevantes para subsidiar ações de respostas”, avalia Moraes.

Segundo o Cemaden, o balanço de alertas e ocorrências de desastres de 2024 reforça a relevância do monitoramento contínuo e da análise detalhada das dinâmicas de desastres no Brasil. A concentração de eventos em áreas urbanas, juntamente com a predominância de certas tipologias, ressalta a necessidade de estratégias integradas de mitigação e respostas, especialmente nos municípios que apresentam o maior número de áreas de risco. Essa abordagem é fundamental para reduzir impactos futuros e aumentar a resiliência das comunidades afetadas.

A análise dos alertas e das ocorrências ao longo dos anos demonstra um crescimento constante, que está relacionada à expansão do número de municípios monitorados, e ao aumento do número de eventos extremos de chuva e suas consequências.

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