Petrópolis já teve 342 casos de chikungunya e 15 de dengue confirmados este ano
O número de pessoas que contraíram as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti em 2019 já bateu todos os recordes do Estado do Rio de Janeiro. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ), até junho, foram registrados 50.507 casos de chikungunya, 24.361 de dengue, e 1.173 de zika em todo o estado. Somente em Petrópolis foram confirmados 356 casos dos vírus transmitidos pelo mosquito: 342 de chikungunya, 14 de dengue e nenhum de zika, no total.
O recorde, apresentado pelos dados da SES-RJ, fica ainda mais evidente quando comparado ao número de casos neste mesmo período em 2018: na ocasião, foram 27.159 casos de chikungunya, 11.151 de dengue, e 1.822 de zika, o que representa um aumento de mais de 89% dos casos em 2019 – entre suspeitas, contaminações e óbitos. Em Petrópolis, no ano passado, foram confirmados sete casos de dengue, seis de chikungunya e um de zika. Apesar dos números expressivos, não foram registradas mortes em decorrência dessas doenças na cidade até o momento.
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A Secretaria Estadual de Saúde avalia que a tendência é uma diminuição da intensidade de transmissão nos próximos dias, já que é comum a queda do número de casos neste período devido às temperaturas do inverno. Para reverter o quadro, o órgão afirmou que está reforçando nas escolas e nos meios de comunicação as campanhas contra a proliferação do Aedes aegypti. Além disso, a secretaria procura adotar medidas para combater os focos do mosquito transmissor em todo o estado, com o objetivo de “priorizar a prevenção”. Entre elas estão ações com drones para identificar os criadouros; visita aos 36 municípios com os maiores índices de proliferação do inseto; distribuição de material informativo; disponibilização de larvicida às prefeituras; e realização de atividades nas escolas, estimulando crianças e adolescentes a adotarem medidas preventivas em suas casas.
O órgão informou ainda que está capacitando 2 mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, com o objetivo de melhorar o atendimento aos pacientes com sintomas das três doenças transmitidas pelo mosquito. Para Alexandre Chieppe, médico da Secretaria Estadual de Saúde, ações simples e rotineiras da população são suficientes para o controle. “Parece pouco, mas dez minutos por semana é tempo suficiente para que uma pessoa olhe todos os possíveis focos do mosquito na sua residência. A vistoria deve ser feita em caixas d’água, tonéis, barris, vasos de plantas, calhas, garrafas, lixo e bandejas de ar-condicionado. Com essas medidas de prevenção, é possível evitar a proliferação do Aedes aegypti”, aponta.
A Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Ambiental de Petrópolis afirma que também realiza ações de conscientização, prevenção e combate ao Aedes aegypti pelos bairros onde são identificados focos de mosquito ou por onde há casos confirmados de doenças.
Como identificar a doença
Os sintomas da chikungunya, dengue e zika vírus são, no geral, parecidos com os da gripe. É fundamental que, para o diagnóstico correto e a prescrição de medicamentos, a população saiba diferenciá-los adequadamente. Segundo o especialista Paulo César Guimarães, a gripe, assim como a dengue, são causadas por vírus e geram sensação de mal-estar, dor nas articulações – joelhos, cotovelos e punhos, e ocasionalmente, febre alta acima dos 39ºC. Entretanto, no caso dos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti, o infectado sente ainda muita dor de cabeça associada ao fundo dos olhos, dores musculares, náuseas, ânsia de vômito e, em algumas situações, vermelhidão em diversas áreas do corpo – como pescoço e tronco. Além disso, o paciente pode apresentar cansaço extremo. Em caso de tais sintomas, é importante buscar atendimento especializado para que se faça o diagnóstico adequado e, assim, o tratamento da doença aconteça de maneira correta. “Apesar de não ser tão comum no inverno, o Brasil é um país tropical, e por isso o inverno e o verão não se distinguem tanto assim. Então, todo cuidado é pouco. Não deixar água parada em vasos, pneus, canteiros e qualquer outro lugar que possa ter esse acúmulo, sobretudo em locais arborizados, é a melhor maneira de se prevenir”, informou o doutor Paulo César.
Ainda não existe a vacina específica para a chikungunya, mas os especialistas apontam que qualquer pessoa que contraiu a doença anteriormente é imune a uma nova infecção pelo vírus. Todavia, como a doença é considerada “nova” no estado do Rio, grande contingente da população não possui a imunidade.