Petrópolis – Os Desafios do Futuro – VI

10/12/2016 11:30

No último artigo comentamos os problemas com o projeto Petrópolis-Tecnópolis, os quais começaram em 2004, iniciando um longo e contínuo processo de perda de ativos que culminou  em 2007, com a paralisação das atividades da sua entidade gestora, a Fundação Parque de Alta Tecnologia de Petrópolis (Funpat).

Variadas razões foram responsáveis pela perda de dinamismo da proposta do polo tecnológico petropolitano. Especialmente, decisões questionáveis. A começar pela adoção de um modelo operacional equivocado, além da ausência de um projeto de sustentabilidade, definido através de um plano de negócio, com a identificação de foco, instituições mantenedoras e a previsão de geração de receitas próprias. Do mesmo modo, a falta de apoio financeiro governamental, recursos financeiros e bolsas, depois de 2004, além da ausência de uma nova entidade gestora, a partir da desativação da Funpat, a falta de uma equipe de gestão, com dedicação exclusiva, também contribuíram para o engessamento da proposta do polo. Mudanças seguidas da denominação do polo – Projeto Petrópolis-Tecnópolis, Movimento Petrópolis-Tecnópolis e Parque Tecnológico Região Serrana, também, identificam uma aparente perda de foco. Tudo isso resultou na perda contínua de visibilidade do proposta, agravada pela diminuição de massa crítica em função do fechamento e/ou saída de Petrópolis, de um número grande de empresas de base tecnológica.

No meu entendimento, garantir a viabilidade da proposta do polo tecnológico de Petrópolis, com foco no segmento TIC, é tarefa difícil. Dezenas de polos do mesmo segmento, espalhados pelo país, que se ombreavam com a nossa cidade há 15 anos, hoje, estão muito na frente. Atualmente, agências de fomento como a Finep, para conceder apoio do governo federal no segmento tecnológico, os municípios têm de apresentar diferenciais tecnológicos competitivos. Petrópolis não tem esse diferencial competitivo em termos de TIC. Mas, o nosso município poderia abrigar um polo tecnológico de outro segmento de atividades – produção e manutenção de turbinas e outros equipamentos para a aviação e energia. A empresa âncora seria a GE/Celma, aproveitando a sua já destacada participação no PIB do município. A GE é um dos maiores grupos mundiais, com atuação de destaque em produtos e serviços tecnológicos, com atuação no país, desde 1919. O Brasil é o terceiro mais importante mercado para o grupo. Daí a decisão da recente instalação, de um centro global de pesquisa no Parque Tecnológico da Coppe, no Rio de Janeiro.

A proposta de um polo no segmento de aviação e energia poderia ter como base o modelo de sucesso implantado pela Embraer no Vale do Paraíba, a partir de São José dos Campos, atualmente o mais importante polo tecnológico do país, nos segmentos aeronáutico, aeroespacial e defesa. A Embraer teve destacada participação nessa construção, através de duas ações principais. A primeira consistiu em atrair para a região, empresas tecnológicas, fornecedoras e ou prestadoras de serviços. A segunda, a geração contínua de empresas emergentes, também conhecidas como spin offs, oriundas de um processo permanente de terceirização de atividades da empresa-âncora. O modelo inclui, ainda, a incubação dessas novas empresas em diversas instituições, como a do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (Ita), recebendo orientação sobre gestão, marketing, finanças, apoio financeiro e tecnológico de um pool de entidades como a Embraer, ITA, CTA, USP, Unicamp, Fiesp, Sebrae/SP, Fapesp e Sistema Paulista de Parques Tecnológicos. As empresas emergentes recebem, ainda, orientação na submissão de projetos junto à Finep e ao Fundo Aeronáutico, do BNDES.

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