Petropolitana é premiada na 15ª edição do Prêmio Sesc de Literatura
A escritora petropolitana Juliana Leite foi um dos destaques da 15ª edição do Prêmio Sesc de Literatura. O prêmio é um dos mais importantes concursos literários do país por revelar novos talentos e, principalmente, promover a literatura nacional. Neste ano, foram 1.540 inscrições vindas de todos os estados do Brasil, sendo 720 livros de contos e 820 romances. O livro “Magdalena usa as mãos”, da escritora, ganhou na categoria romance. Na categoria contos, quem levou foi o título “As coisas”, do gaúcho Tobias Carvalho.
Mestre em literatura comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Juliana, de 35 anos, nasceu e morou em Petrópolis até 2000, quando se mudou para o Rio de Janeiro para cursar a faculdade de comunicação social, também na Uerj. O livro é seu primeiro romance e conta a história de uma mulher, a Magdalena, que após sofrer um acidente, desperta com o corpo remendado, marcado por cicatrizes definitivas – entre elas, a ausência de seu companheiro. Com a ajuda de suas tias e a sabedoria de artesã que herdou da família, parte numa jornada em busca da sobrevivência não só física, mas psíquica e emocional.
“Comecei a escrever o livro apenas com a certeza de que queria escrever sobre travessia, sobre mudanças, sem muitas garantias do que aconteceria”, disse. Juliana conta que a narrativa da história foi sendo desvendada durante o processo de produção do livro. “O acidente que ela sofre só apareceu quando eu me sentei para escrever, ele surgiu sem que eu tivesse planejado isso. E eu respeitei essa ‘aparição’, digamos assim, assumindo que aí poderiam estar embrenhados os temas que me interessam abordar: as travessias, a sobrevivência, a integridade humana”.
A paixão pela literatura começou durante a faculdade. Juliana trabalhou por 10 anos em agências na área de Relações Públicas, sua primeira formação, e depois desse tempo percebeu que era hora de buscar outra coisa. O hábito da leitura já tinha se transformado em gosto durante a faculdade, e agora também iria se tornar sua profissão. “O mestrado me deu um percurso interessante sobre os livros. Comecei a compreender a leitura com um outro olhar, um olhar de escritora”, completou. O Magdalena usa as mãos, foi concluído em 4 anos, enquanto ainda cursava o mestrado.
A premiação veio como uma grande surpresa. O anúncio foi feito no dia 12 de junho, mas a cerimônia oficial será realizada em novembro, junto com o lançamento do livro. Os autores premiados são incluídos em programações literárias do Sesc, e os livros são publicados pela editora Record e distribuídos para toda a rede de bibliotecas e salas de leitura do Sesc em todo o país.
“O mais importante não é continuar escrevendo, antes de publicar o livro eu já era escritora. Se tornar escritor não se conclui quando o livro é publicado. Eu continuo escrevendo e me dedicando a um pensamento sobre a vida”, completou.