Planejamento urbano sem mistérios III

08/04/2018 12:30

Em continuidade a série de cinco artigos sobre planejamento urbano, vamos enfocar neste, o relacionamento do mesmo com a qualidade de vida. Nos próximos dois artigos discutiremos as questões específicas de Petrópolis. A rápida urbanização e acelerada modernização da maioria das cidades dos países ditos de terceiro mundo, desencadeiam problemas que hoje são causadores de grandes conflitos.

 Esses problemas por sua vez são decorrentes de falhas no planejamento urbano e ambiental, que são resultantes do uso indevido dos recursos naturais e deficiente distribuição das riquezas dos municípios. A qualidade de vida está diretamente relacionada com problemas como enchentes, alagamentos, precariedade no sistema de saúde, educação e transporte; ocupação desordenada, construções habitacionais irregulares, poluição dos rios e córregos, deficiência de saneamento básico, ausência de locais públicos de lazer, poluição do ar, sonora e visual; qualidade da água potável entre outros. 

Nas últimas décadas, com a globalização do padrão de desenvolvimento capitalista industrial, a cultura da “descartabilidade” e do desperdício que o acompanha, intensificou a desigualdade social e a insustentabilidade no entendimento entre os seres humanos e a natureza. Na atual conjuntura fica evidente a relevância de estudos e pesquisas voltados para o planejamento, especialmente o urbano, que acabou tornando-se foco de legislações e programas governamentais nacionais e internacionais, devido a alta densidade demográfica dessas áreas. Além disso, estudos de planejamento urbano no atual período histórico, têm agregado o termo ambiental que por sua vez adquiriu importância incontestável frente ao modo de vida das civilizações contemporâneas. 

Nesse sentido, estudos voltados para o planejamento urbano e ambiental, visando a qualidade de vida das populações, mostram sua importância, principalmente com relação as áreas ligadas ao social, saúde, segurança, educação, transporte e meio ambiente. Entendemos que analisar o planejamento urbano é uma tarefa complexa que exige estudo integrado das condições sociais, econômicas e naturais de cada cidade, crendo, assim, que é necessário incentivar as pesquisas relacionadas ao ambiente urbano, como estudos de variação da temperatura, arborização e áreas verdes, uso e ocupação do solo, poluição atmosférica, resíduos, impermeabilização, densidade populacional, alteração no ciclo hídrico, entre outros.

Também acreditamos que planejar o ambiente urbano configura papel fundamental na melhoria da qualidade de vida das populações, uma vez que um ambiente saudável, arborizado, esteticamente bonito, com baixos níveis de poluição atmosférica, visual e sonora, pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida nos centros urbanos, além de outros benefícios. Assim o desenvolvimento das cidades, e sua manutenção, requerem contemplar a adoção de áreas verdes para que hajam ambientes saudáveis e que permeiam a integração do homem a natureza. 

O debate aqui apresentado está longe de se esgotar, entretanto buscou-se incitar reflexões acerca do tema bem como contribuir com subsídios teóricos que reforçam a necessidade de execução do planejamento urbano, pois desconsiderar as áreas verdes, enquanto promotora de qualidade de vida, traz conseqüências desfavoráveis a vida no espaço urbano. Para compensar os danos da urbanização ao ambiente podem-se adotar medidas simples de planejamento, como, por exemplo, o estudo do impacto de vizinhança e atitudes que possibilitam recuperar e preservar a fauna e a flora, tornando a vida urbana menos cinza, menos artificial e, mais verde, mais natural.

 achugueney@gmail.com

Últimas