Plantas comestíveis: da horta diretamente para a mesa

22/04/2018 09:00

As plantas alimentícias não convencionais, conhecidas como PANCs, vêm conquistando o posto de “queridinhas” dos brasileiros. O que muita gente ainda não sabe é que essa notoriedade conseguida agora tem relação direta com a   facilidade para encontrá-las: elas costumam estar bem perto, no quintal de casa,  no jardim do vizinho ou até na beira de rua. O fato é que as PANC's estão presentes e podem acrescentar alto valor nutricional nas refeições cotidianas. Segundo o biólogo Sérgio Monteiro, da Fiocruz (Fórum Itaboraí), elas podem ser consideradas plantas espontâneas e surgem sem que as pessoas percebam. Nascem com facilidade e não exigem qualquer cuidado especial. 

Muitas das plantas podem ser consumidas de maneira tradicional. É comum ver quem opte por consumi-las refogadas ou em saladas. Vale também utilizá-las para preparo de acompanhamentos. Quem trabalha com gastronomia também tem olhado para elas com mais atenção. É o caso de Joana Nóbrega, que há cerca de um ano vem estudando o tema e já criou vários pratos com estes itens. No restaurante em que trabalha, em uma pousada no Brejal, é possível encontrar no cardápio risoto de urtiga, bolinhos temperados com plantas comestíveis e molhos feitos também com as ervas. A chef diz que se encantou com a capacidade nutricional destas plantas. “E poder escolher as opções gastronômicas no quintal de casa é excelente”, lembra ela, que descobriu nesta culinária uma maneira de se destacar no mercado. As opções têm alta teor de proteína, ferro e servem até como antioxidante. 

O que muita gente não imagina é que seja tão fácil encontrá-las e inserir na alimentação do dia a dia. A taioba, por exemplo, podem ser facilmente encontrada. Capuchinha, ora-pro-nóbis e caruru também são conhecidas do público e cabem muito bem na hora das refeições. Segundo a nutricionista Isadora Lorang, podem ser consideradas PANCs plantas comuns como a bananeira, que não aproveitamos integralmente. “Nos restringimos ao consumo da fruta, jogando fora as outras partes comestíveis, como o coração (ou umbigo), e os frutos verdes”, explica.

Adilson Santos é membro integrante da equipe de plantas medicinais da Fiocruz em Petrópolis e vem desenvolvendo um trabalho que estuda vinte espécies de PANCs. O objetivo é compilar informações sobre elas em um livro que estimule o consumo, bem como a produção agrícola em grande escala. As variações escolhidas são presentes na região serrana e podem facilmente ser encontradas em solo petropolitano. Receitas de como inserir as não-convencionais na sua alimentação, também estarão no material, que deve estar disponível no segundo semestre deste ano. O espaço vai contar também com um jardim suspenso dedicado a espécies diversas, que já estão disponíveis em toda a extensão do jardim do palácio. 


Conheça algumas PANCs e seus benefícios: 

CAPUCHINHA 

Encontrada em maior escala na região Sul e em a?reas do Sudeste, mas também vista, ainda que em menor quantidade, no Nordeste e Centro-Oeste. Tem ação a antioxidante e anti-inflamatória. As folhas jovens têm aroma bem picante, como do agrião e da rúcula, Devem ser consumidas cruas, assim como também as flores.

TAIOBA

A planta e? bastante utilizada na alimentacão no interior de alguns estados, principalmente Minas Gerais e Rio de Janeiro. Seu processamento e seu uso culina?rio e? muito semelhante ao da batata. É rica em cálcio, fósforo, ferro, proteínas e uma grande quantidade de vitaminas. 

JAMBU

A espécie é característica do norte brasileiro e é encontrada principalmente nos pratos paraenses. É ingerida como acompanhamento em alimentos indigestos, pois aumenta a salivação. Atua também como um analgésico.

PEIXINHO

Conhecido também como orelha de lebre, lambari ou sálvia, é consumido geralmente a milanesa. A espécie diminui inflamações de laringe e acalma tosses. Pode ser consumida também na forma de chás. 


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