Pobre é quem só tem dinheiro

06/02/2017 11:55

O cenário mundial e a situação do Brasil estão cada vez mais parecendo um conto de Edgar Allan Poe. Todo dia sentimos um calafrio com os noticiários da mídia. Falando de Poe: Edgar Allan Poe (Boston, Massachusetts, Estados Unidos, 19 de Janeiro de 1809 — Baltimore, Maryland, Estados Unidos, 7 de Outubro de 1849) foi um autor, poeta, editor e crítico literário estadunidense. Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, Poe foi um dos primeiros escritores americanos de contos e é geralmente considerado o inventor do gênero ficção policial. O cenário não está parecido? Podemos citar quatro personagens: Trump, Eike Batista, Sérgio Cabral e Marcelo Odebrecht. “Tudo o que vemos ou parecemos, não passa de um sonho dentro de um sonho.” – Edgar Allan Poe.  Cervantes, em seu “Dom Quixote de la Mancha”, cita um refrão, muitas vezes atribuído a Sancho Pança o escudeiro de Dom Quixote: “nasci nu, nu agora estou, não perco nem ganho”. A mensagem de Cervantes é a de que a felicidade e a serenidade estão muito distantes das posses materiais, porém, a humanidade, de um modo geral, na sua história, condiciona os seus alcances ao sucesso material. Recentemente a revista Veja publicou a matéria “A rendição do príncipe”, na qual Marcelo Odebrecht (que encarna a ambição) dono da maior empreiteira do país e há mais de um ano preso, decide revelar seus segredos naquela que é considerada mãe de todas as delações. O personagem Trump (que encarna a ignorância) pode ser definido por Tony Schwartz, “ghost writer” das suas memórias, publicadas em 1987, como entre outras coisas um grande mentiroso e um ignorante. Nos dezoito meses de convívio, Schwartz nunca viu Trump lendo um livro, ou mesmo mantendo um sobre sua mesa de trabalho ou no seu apartamento. Trump  tinha um nível alarmante de ignorância sobre diversos assuntos e, em geral, seus conhecimentos eram superficiais. Mentia com tanta facilidade que o fez ao próprio biógrafo, escondendo o auxílio que recebeu do pai no começo da carreira. Já Eike (que encarna a tolice), que aos sessenta anos chegou a acumular a sétima maior fortuna do mundo, tornara-se o 161º brasileiro da lista de fugitivos da Interpol, hoje já cumprindo pena. Cabral (que encarna a corrupção), teve só do propino duto, mais de 40 milhões de reais, em dinheiro vivo, dados pelas empresas Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia. “Clara manhã, obrigado. O essencial é viver.” – Carlos Drummond de Andrade. “Eu gostaria de lhe agradecer pelas inúmeras vezes que você me enxergou melhor do que eu sou. Pela sua capacidade de me olhar devagar, já que nessa vida muita gente já me olhou depressa demais.” – Padre Fábio de Melo. Se no conto de Poe o culpado de tudo não foi o mordomo, talvez possa ter sido a falta de agradecimento. A gratidão é sem dúvida um dos maiores dons de uma pessoa e através dela chegamos à felicidade. Aquele que agradece coisas simples como a água, o sol, a comida, a vida, tem a virtude da sabedoria e entende que existir é o mais importante. Devemos agradecer cada vez que sentamos à mesa para comer, pois milhares dariam tudo para estar ali. Exemplos passados, divulgados pela mídia, de pessoas famosas que desenvolveram processos de depressão e ansiedade talvez possam ser explicados pela falta de agradecimento. A destruição da natureza pelo homem, assim como, guerras e conflitos têm, também, origem no mesmo costume. Fechamos o conto com duas certezas: uma, que Poe escolheu muito bem seus personagens e a outra é que através do saber e da ética devemos moldar o nosso espírito. 

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