Pode ser ele, sim

22/09/2018 07:00

Estamos a 15 dias da eleição mais esperada e esdrúxula desde 1989. Uma eleição diferente (singular como todas) mas diferente. Explico: o improvável há seis meses é o provável hoje. Quem apostaria em Haddad candidato do PT?  O candidato era Lula com uma imensa margem de vantagem que fatalmente o levaria a vitória. Bolsonaro, pré-candidato, começava a fazer sucesso em um determinado grupo de eleitores mais à direita, sem simpatia da mídia  (até hoje não tem) e com poucas chances de se tornar um candidato viável, por não ser um nome nacional, de partido pequeno e sem recursos.

Hoje, Bolsonaro e Haddad são os nomes da vez. Esta dupla, em quem poucos acreditavam que poderiam vir a se enfrentar em um segundo turno, está mostrando fôlego nesta reta final, deixando para trás nomes de peso como Alckmin, Marina e Ciro. Dois nomes que nunca disputaram uma reta final, vão monopolizar nossa atenção nas próximas duas semanas. 

Das pesquisas se fazem muitas leituras: a mídia as faz de modo conservador; como seria de se esperar, evita uma postura exacerbada e está a mostrar um comedimento (aquém do conservador) bastante curioso para não falar assustado. A grande mídia mostra toda sua antipatia por Bolsonaro, mas ao mesmo tempo não tem lá grandes empatias por Haddad. Engole Haddad por ser um poste de Lula. Outro fato que pesa sobre Haddad é a sua péssima avaliação relativa à gestão quando prefeito de São Paulo. 

Esta semana os médicos de Bolsonaro pediram a ele que falasse menos. Deveriam dar ao vice dele, general Mourão, idêntica recomendação. Se Haddad é um ventríloquo de Lula, Mourão está se mostrando um língua solta ao estilo Ciro. Se Ciro se enforcou com a própria língua, Mourão está atrapalhando Bolsonaro. Vice é vice e tem que conhecer seu lugar e seu papel.

Vamos para esta reta final, onde todo cuidado é necessário se fazer presente. Um deslize pode por tudo a perder. Já vimos uma eleição dar uma guinada na última semana e o candidato franco favorito perder. Não seria uma novidade.

Apesar de ver os comedimentos, pela primeira vez, vou ousar dizer, se tudo ocorrer dentro da normalidade, vejo uma enorme chance de não haver segundo turno e Bolsonaro ganhar já no primeiro. Algumas situações são necessárias para isto acontecer: primeiro, ele precisa subir mais 5 pontos percentuais, Haddad não passar de 25 ou 26%, Ciro, Alckmin e Marina continuarem desidratando na mesma proporção que vem ocorrendo nas últimas três semanas.

Se isto que agora falo, acontecer, Bolsonaro poderá tirar um período a mais de convalescença para se recuperar, sem precisar se preocupar em ter que enfrentar uma nova eleição pelo segundo turno.

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