Polêmico, desprezado e esquecido

02/02/2017 13:22

O polêmico Carlos Lacerda, foi, talvez, o maior administrador que passou pelo cenário nacional na sua gestão de governador do estão Estado da Guanabara. Visceral inimigo dos políticos de ações duvidosas, recebeu até o apelido de  “Omo”, em referência ao sabão que surgia e cuja propaganda pregava – “onde o Omo bate a sujeira sai”. Assim era Lacerda que almejava o poder, como sempre afirmou mas que o “livre arbítrio” o levou para caminhos duvidosos em função de sua divergência com o governo militar que havia apoiado. Era o candidato natural de boa parte dos militares e se tivesse chegado lá, o destino do país teria sido outro.
Iniciou a carreira como jornalista em 1929, escrevendo no "Diário de Notícias", na seção dirigida por Cecília Meireles. Tentou a Faculdade de Direito, sem concluir, justificando  tal decisão no livro "Depoimento": "A advocacia é uma profissão muito estranha, porque os casos que me interessavam não davam dinheiro, e os que davam dinheiro não me interessavam".
Em 1949, deu uma grande guinada em sua vida, ao fundar o jornal "Tribuna da Imprensa", que foi a maior oposição ao segundo governo Vargas (1951/54). A partir daí, os ataques diários ao governo federal passaram a ser uma rotina. Finalmente, no dia 05.08.54, aconteceu o episódio que marcaria Lacerda na história do Brasil e levaria Vargas à morte no dia 25, provocando uma crise sem precedentes na política do país com o assassinato do major Vaz., seu amigo.
Eleito governador em 1960, destacou-se pela construção de obras pela habilidade administrativa que teve a simpatia da população.  Construiu a estação de tratamento de águas do Guandu (a maior do país) e um sistema de distribuição que resolveu o fornecimento de água. Construiu os túneis Sta. Bárbara e Rebouças, terminou a construção e reurbanização do aterro do Flamengo; removeu favelas da zona sul e Maracanã, criando o parque da Catacumba e o campus da UEG (atual UERJ), cujos moradores foram para a Cidade de Deus  e Vila Kennedy. Construiu inúmeras escolas e manteve um alto padrão de qualidade dos hospitais públicos. Durante seu governo, foi divulgado que policiais recolhiam mendigos na cidade para jogar no rio da Guarda, mas nada foi comprovado o que, teria sido, intriga baixa e absurda da oposição recalcada, peculiar aos invejosos.
Duas curiosidades sobre Lacerda: foi o único executivo que, durante 24 horas, ficou no ar, num canal de tv, prestando contas de seu governo e o único que não batiza qualquer logradouro público na cidade. Mas ninguém fez tanto em tão pouco tempo, se foi o político mais ousado e determinado do país.
jrobertogullino@gmail.com

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