Polícia de mãos dadas com a sociedade
A semana começou com um artigo um tanto polêmico publicado pela Tribuna de Petrópolis trazendo comentários feitos pelo vereador Meireles no qual, julgando-se profundo conhecedor da estrutura de segurança do município, anunciou números e condenou a política de segurança do Estado ao afirmar que o interior vem sendo deixado de lado em detrimento da capital Rio de Janeiro. Acredito que o referido vereador tenha demonstrado preocupação legítima com sua cidade e seus munícipes, mas comete erros em sua avaliação ao afirmar que a polícia não faz bem seu trabalho na cidade e, ao atribuir, ainda que indiretamente, às forças de segurança toda a responsabilidade pelo crescimento dos índices de criminalidade e, consequentemente, pela redução dos mesmos.
Há aproximadamente quatro anos, quando chamado a participar de um encontro com juízes e com o comando da Polícia Militar na cidade, ainda delegado assistente da 105ª Delegacia Policial de Petrópolis, acompanhado do então delegado titular da mesma unidade e outros delegados de polícia da cidade, ouvi de tais representantes do judiciário preocupação em conhecerem os níveis de criminalidade no município e em se colocarem dispostos a brigar por uma melhor estrutura que permitisse um controle mais adequado e eficiente da criminalidade na cidade. Naquela ocasião, enquanto ouvíamos oficiais da Polícia Militar apresentar seus bons números de prisões e apreensões no município, nós, delegados de polícia, apresentamos a ideia de um sistema de monitoramento por câmeras na cidade como uma solução moderna e adequada para a cidade. Já naquela ocasião, foram usados os modelos já implantados em Três Rios e Volta Redonda, como parâmetros para avaliação na redução da criminalidade e na melhoria dos trabalhos de investigação.
Passados três anos daquela reunião realizada no fórum da cidade, em um primeiro encontro com o então prefeito eleito Bernardo Rossi, ouvíamos dele o compromisso de chamar para si a responsabilidade de brigar pela concretização de tal projeto que hoje, quinze meses depois, se torna realidade.
Nestes também exatos 15 meses, policiais civis e militares, lutando contra a crise econômica que atinge o Estado do Rio de Janeiro e, diretamente, a estrutura salarial e estratégica das forças de segurança, mas tendo total apoio da sociedade civil e do conselho de segurança do município, foram responsáveis por um número expressivo de prisões e apreensões. Foi neste mesmo período que tivemos investigações emblemáticas, com soluções de crimes de grande repercussão e outros, de menor repercussão, mas que atingem diretamente a vida de cada um dos petropolitanos. Ao contrário do que diz o vereador, as policias civil e militar, apesar de toda a dificuldade, vivem seu melhor e mais efetivo momento dos últimos cinco ou seis anos. A motivação, empenho e a qualidade do serviço desempenhado, tanto por uma quanto por outra instituição, tem forte ligação com a ascensão de importantes nomes da segurança no munícipio a cargos do alto escalão de ambas as estruturas da segurança pública no estado. O reflexo desses bons resultados é facilmente notado no grande apoio que tanto polícia civil quanto polícia militar vêm recebendo dos diferentes segmentos da sociedade petropolitana.
Durante o ano de 2017, só a policia civil cumpriu mais de trezentos mandados de prisão e indiciou, em inquéritos trabalhados e concluídos, mais de trezentos e noventa indivíduos. Esse número ganha cifras altíssimas quando juntado ao belo trabalho feito pela Polícia Militar da cidade.
Nos primeiros meses do ano de 2018 já foram autuados em flagrante mais de cento e oitenta criminosos.
Ignorar que o fenômeno aumento da criminalidade guarda relação direta com outros fatores que não sejam o melhor ou pior desempenho policial é tão infantil quanto imaginar que políticas públicas mal desenvolvidas não afetam diretamente esse mesmo cenário que o vereador afirma ser preocupante ou mesmo imaginar que o crime tem seu solo fértil apenas nas comunidades menos favorecidas da cidade. As recentes notícias provam justamente o contrario. Também nos gabinetes e no asfalto bem tratado são praticadas as piores atrocidades.
A preocupação com o crescimento da criminalidade no interior e sobretudo com a maior organização do tráfico de drogas é uma preocupação de todas as médias e pequenas cidades do interior brasileiro. Já faz alguns anos, quando se começou a falar em globalização do crime, que se percebeu como fatores diversos levam, através dos diferentes meios de comunicação, desvalores que incentivam a prática, delitiva em detrimento de uma vida regrada e movimentam jovens para um caminho distinto do desejado.
O Rio de Janeiro, em sua particular geografia, depois de décadas de descaso e políticas públicas mal elaboradas, em função de uma estratégia carcerária um tanto contestável, passa a ser um cenário favorável a modalidades criminosas não vistas em outros locais do mundo civilizado.
Nos últimos anos as políias civil e militar estão trabalhando incansavelmente, revendo planejamento de metas e elaborando novos conceitos com o objetivo de permitir que as pessoas vivam fora de um cenário de guerra. Mas para que toda essa batalha faça maior sentido, é preciso que os outros personagens se vejam como fatores fundamentais dessa construção.
Há uma nítida percepção de que as organizações criminosas começam a se falar e que criminosos de diferentes comunidades passam a migrar dentro de uma mesma cidade e entre diferentes cidades. O combate ao tráfico de drogas promovido pela polícia, seja através de operações coordenadas pela Polícia Militar, seja através de trabalhos iniciados com investigação promovida pela Polícia Civil, faz com que criminosos busquem novos mercados. Essa realidade é ainda agravada pelo crescimento acelerado e desprogramado das comunidades mais desfavorecidas e pelo aumento de sua população, cada vez menos amparada.
O fenômeno da migração de criminosos para a cidade de Petrópolis já é percebido de forma tímida há alguns anos e é possível afirmar que se trata de uma via de mão dupla uma vez que da cidade de Petrópolis também saem indivíduos que estão sendo presos em diferentes operações ocorridas em comunidades do Rio de Janeiro. O trabalho constante das policias em Petrópolis torna evidente que em uma guerra não declarada entre as forças de segurança e as organizações criminosas, “os mocinhos” ainda estão levando uma grande vantagem e a sociedade pode se sentir protegida.
Notícia vinculada em jornal de expressão nacional citou, também na última semana, a cidade de Petrópolis como destinatária final de um carregamento de armas e munições. A Polícia Civil, através da 105ªDP e da Desarme, estão acompanhando tal investigação e já é certo que a nota fiscal apresentada foi totalmente montada com dados fantasiosos e a cidade de Petrópolis, por ser reconhecida nacionalmente como terreno pacífico, foi usada justamente para não chamar atenção para o verdadeiro destino. Ainda assim, a sensibilidade exige que sejam feitos todos os levantamentos e que se esgotem todas as chances de envolvimento, ainda que indireto, de pessoas pertencentes à cidade com tal episódio.
Ao contrário do que propõe o vereador, não há qualquer razão para alarde. A inteligência de uma e outra instituição estão se falando cada vez mais e só em função desta maior integração e do maior empenho é que estamos conseguindo números cada vez mais expressivos.
Nos primeiros meses do ano de 2018, a 105ªDelegacia Policial de Petrópolis foi considerada a unidade mais produtiva do estado dentre as delegacias do seu porte. Essa é a tônica que move o trabalho da unidade, da 106ª Delegacia Policial de Itaipava e do 26ºBPM. Estamos trabalhando sempre mais para proporcionar mais bem estar e mais segurança. Conheçam o trabalho através dos sites, procurem as delegacias, as companhias e o batalhão. A polícia precisa estar de mãos dadas com a sociedade para identificar os problemas e buscar as soluções.