Polícia pede exumação de bebê morto no HAC
A Polícia Civil pediu a exumação do corpo do bebê que nasceu morto no Hospital Alcides Carneiro (HAC) na última terça-feira (19), durante uma cesariana. A mãe da criança aguardou por dois dias na maternidade, em trabalho de parto, até que a equipe médica resolvesse fazer a cirurgia. A data da exumação ainda não está marcada, mas deve acontecer nos próximos dias.
Segundo o delegado titular, Claudio Batista, da 105ª Delegacia de Polícia (DP), no Retiro, o pedido foi feito à 2ª Vara Criminal de Petrópolis na quinta-feira. "Tão logo o juiz me entregue a decisão, a exumação será realizada", disse o delegado. A morte do bebê foi registrada pela família na delegacia. Eles também entraram com uma ação contra o hospital.
"Estamos passando por um momento muito difícil. Está sendo complicado lidar com essa perda, mas todas as providências precisam ser tomadas", disse a tia do bebê, Daniela Freitas, de 40 anos. Para ela, o momento da exumação será de imensa dor para família, mas é necessário entender o que aconteceu. "O pior já aconteceu, que foi a morte dele. Vai ser uma situação difícil, mas queremos justiça", ressaltou. No atestado de óbito do bebê, não foi identifica a causa da morte. A exumação poderá identificar qual motivo que levou ao falecimento da criança.
Nessa segunda-feira (2), outra família também registrou na delegacia a morte de um bebê durante uma cesariana no Hospital Alcides Carneiro. A menina morreu no último sábado, depois que a mãe deu entrada na unidade duas vezes em trabalho de parto. "Na terça, ela começou a passar mal e fomos para o HAC. A médica examinou e disse que estava com três centímetros de dilatação e a mandou para casa. Na sexta, ela passou mal de novo, fomos até o Posto de Saúde da Posse, onde moramos, e a médica a mandou para o HAC. Quando chegamos no hospital, novamente a mandaram embora, mesmo ela perdendo líquido. No sábado, já com muitas dores, retornamos ao Alcides Carneiro, foi quando resolveram fazer a cesariana. Infelizmente, a decisão dos médicos foi tarde demais e a bebê nasceu morta", contou Alessandra Cunha Roza, de 41 anos.
Alessandra é tia do pai da bebê e foi quem acompanhou todo o drama e peregrinação da família e acusa a equipe médica do hospital de negligência. "Estive com eles o tempo todo e sei o quanto foi difícil. A mãe fez todo o pré-natal no posto da Posse e a menina já estava pesando mais de quatro quilos e tinha 55 centímetros, teriam que ter feito a cesária logo que ela começou a perder líquido. Decidiram por um parto normal que não poderia acontecer", lamentou. Além da queixa na delegacia, a família também vai entrar com uma ação contra o hospital.
Sobre a morte da bebê corrida no último sábado, em nota, a Secretaria de Saúde informou que a paciente deu entrada na tarde de sábado, no Hospital Alcides Carneiro (HAC), quando a equipe médica percebeu a necessidade da realização de um parto cesáreo, que foi feito imediatamente. Ao fim da intervenção, os médicos constataram que o bebê já não apresentava sinais vitais. O caso já foi encaminhado para a Direção Técnica da unidade para que seja feita uma apuração mais detalhada do ocorrido por meio de sindicância – medida adotada em todos os casos em que é constatado óbito de bebê.
A Secretaria de Saúde apurou que o último atendimento registrado pela unidade à paciente, antes do ocorrido, foi do dia 22 de junho, quando a mesma procurou o HAC, relatando que sentia dores. Na ocasião, ela passou por exames e os médicos constataram que não estava em procedimento de parto, tendo sido liberada após atendimento e avaliação.
O Hospital Alcides Carneiro realizou, de janeiro a abril deste ano, 1.102 partos. Destes, 10 foram natimortos (quando o bebê já não apresenta sinais vitais quando expulso).