Por que os Estados Unidos são ‘pedra no sapato’ do Brasil no futebol feminino olímpico?

10/ago 03:00
Por Marcos Antomil / Estadão

A seleção brasileira feminina de futebol disputa neste sábado, às 12h (de Brasília), no Estádio Parque dos Príncipes, em Paris, a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Depois de 16 anos, o Brasil reencontra os Estados Unidos em uma decisão olímpica. Nas outras finais, o País saiu derrotado de campo e teve de se contentar com a prata, mas as frustrações diante das norte-americanas começaram ainda antes.

O técnico Arthur Elias mostrou sua confiança nas atletas brasileiras após a classificação para a final, com a vitória sobre a atual campeã mundial, a Espanha. O comandante elogiou os Estados Unidos e descartou que o histórico negativo contra esse adversário influencie a seleção na Olimpíada de Paris.

“O pensamento é um só. Sempre olhei o futebol brasileiro com visão vencedora. Eu não tenho nada a ver com o que aconteceu no passado. Só a Marta esteve presente, e ela estar aqui mostra a importância que ela tem no futebol. Ninguém precisa ficar preocupado com esse histórico. Do outro lado, tem muita seriedade e trabalho. Tem grandes atletas do outro lado. Tomara que tenhamos muitas emoções. A gente tem de parar de falar do passado. O presente tem vários ingredientes mais importantes. Estamos perto de um sonho que vamos lutar para conseguir”, afirmou Arthur Elias.

O futebol feminino começou a ser disputado nas Olimpíadas apenas na edição de 1996, em Atlanta. Na ocasião, Brasil e Estados Unidos não se encontraram. As donas da casa ficaram com o ouro, enquanto as brasileiras perderam o bronze para a Noruega.

Em Sydney-2000, Brasil e Estados Unidos mediram forças na semifinal olímpica. Em Camberra, a seleção brasileira, que tinha como estrelas Pretinha, Sissi e Formiga, foi superada por 1 a 0, com gol marcado por Mia Hamm, aos 15 minutos do segundo tempo. As norte-americanas perderam a final para a Noruega, e o Brasil, novamente, não conseguiu o bronze ao enfrentar a Alemanha.

PRORROGAÇÃO, POLÊMICA E DERROTA EM ATENAS-2004

Nas duas Olimpíadas seguintes aconteceram as batalhas mais dolorosas para a seleção brasileira. Em Atenas-2004, Brasil e Estados Unidos se enfrentaram duas vezes. Na fase de grupos, derrota por 2 a 0, com gols de Hamm – que havia sido algoz em 2000 – e Mary Wambach. Mas a equipe de René Simões conseguiu uma reviravolta no torneio, despachou México e Suécia para chegar à final.

A casa do Olympiacos foi palco da disputa pelo ouro. O Brasil começou melhor, mas desperdiçou boas oportunidades. O time, que já contava com Marta e Cristiane, além de Formiga, Pretinha e Rosana, saiu atrás no marcador no fim do primeiro tempo, aos 39 minutos. Lindsay Tarpley acertou um chute de fora da área para colocar as norte-americanas em vantagem. Na etapa complementar, aos 28 minutos, Cristiane fez fila na defesa dos EUA, chutou, a goleira deu rebote e a bola sobrou para Pretinha, que só teve o trabalho de empurrar para a rede e levar o duelo para a prorrogação.

Os 30 minutos extras não definiram a campeã olímpica de maneira justa. Um pênalti escandaloso não foi marcado quando uma zagueira dos EUA defendeu com as mãos um cruzamento brasileiro na grande área. A trave ainda ajudou as norte-americanas duas vezes até que, aos sete minutos do segundo tempo na prorrogação, Abby Wambach, de cabeça, tirou o ouro do Brasil.

CAMPANHA PERFEITA EM PEQUIM-2008 É DERRUBADA PELOS EUA

Nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, o cenário parecia muito favorável à seleção brasileira. O time nacional fez uma ótima campanha na primeira fase, eliminou Noruega e Alemanha com muita superioridade na fase mata-mata e show de Marta, Cristiane e Formiga até chegar à decisão contra os Estados Unidos.

No ano anterior, também na China, foi realizada a Copa do Mundo Feminina, e o Brasil – que foi vice-campeão contra a Alemanha – havia atropelado os Estados Unidos na semifinal, ganhando por 4 a 0. Meses antes, a seleção brasileira faturou o ouro no Pan-Americano do Rio com outra goleada sobre as norte-americanas: 5 a 0. Dados esses elementos e o futebol invicto apresentado pelo Brasil nos Jogos de Pequim, havia confiança de que o destino pudesse ser diferente.

No entanto, na final, a seleção feminina foi castigada. Diante de mais de 50 mil pessoas, o placar permaneceu zerado por todo o tempo regulamentar. Os seis minutos da prorrogação, Carli Lloyd viu a marcação desarrumada do Brasil, arrematou de fora da área e deu o ouro para os Estados Unidos.

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