Porque me mantenho “honorário” na APL

23/08/2016 09:00

Mais uma vez, debruço-me sobre um relicário, numa referência ao ex-senador Petrônio Portela (1925-1980), quando criou uma das frases mais lapidares e que carrego à tira-colo, numa algibeira, por precaução: “Fatos são fatos e não agrido fatos”, mesmo que sejam contra mim, assumo-os sem qualquer constrangimento.

Em 2007, praticamente de surpresa, fui agraciado com o título de “Membro Honorário” da Academia Petropolitana de Letras e que, “a posteriori”, tomaria posse na primeira cadeira vacante. Sinceramente agradecido e sensibilizado pela honra, mas longe de mim ser descortês,  declinei, na ocasião, de tal convite, por uma questão de foro íntimo na maneira de agir – nunca participar de uma entidade na qual não pudesse atuar efetivamente como integrante, pelo seu engrandecimento, pois me encontrava, naquele momento, totalmente compromissado com outra entidade. Nunca agiria diferente em troca de um título, como nunca trabalhei em qualquer empresa sem extrapolar minhas funções em benefício da casa, sempre com o intuito de colaborar, obviamente, sem usufruir vantagens materiais – é meu feitio e formação. Afinal, sigo o princípio de que, tudo que se faz, deve ser feito com carinho e dedicação – até onde nossa capacidade permitir – mesmo que se fique à sombra da importância.

Infelizmente, nunca podemos prever o futuro e sempre a vida nos surpreende, colocando determinadas barreiras que nos impedem de prosseguir em frente como desejamos mas, mesmo que tenhamos nosso caminho tolhido não podemos, nunca, perder a postura e os princípios básicos para não chamuscar nossa dignidade – são circunstâncias sempre passageiras que nos impedem de esmorecer, mesmo que “forças ocultas” nos pressionem, tentando impedir de caminharmos. 

Diante de tais circunstâncias, muitos podem se sentir derrotados, mas alguém já disse que “há derrotas mais gloriosas que muitas vitórias, diante de determinadas situações”, pois é uma peculiaridade da vida que não se consegue decifrar e que, forçosamente, temos que aceitar e enfrentar.

Certamente, muitos integrantes da Casa conhecem minha trajetória, minha maneira de agir – determinada e positiva. Mas se pelas oportunidades, as coisas não seguem conforme planejamos, nada poderá mudar nossa conduta, porém, a concessão que me foi dada, representa muito, ainda hoje,  mais que uma cadeira. E se assim agi, não foi por me julgar melhor ou superior a quem quer que seja, simplesmente por ser o que sou, com meus erros e acertos que, como dizia o poeta Judas Isgorogota: “mas sempre com a intenção de acertar”. 

Sem visar qualquer outra intenção além de, somente, tentar posicionar alguns fatos obscuros com resultados diferentes, sem nada almejar pelo motivo já ressaltado da sua espontaneidade, a presente condição de cronista, infelizmente, não me permite ser mais explícito nos esclarecimentos, se a página deste jornal não é espaço para tal e nem veículo para se descrever uma autêntica história de “amor, paixão, desprezo e sofrimento” – qual uma tragédia rodriguiana. Mas como diz o velho ditado, “para um bom  entendedor, poucas palavras bastam”, espero que, mesmo com meias palavras, possa ter alcançado o objetivo e, se agrado a alguns e desagrado a outros, alguém poderá me julgar antipático, o que até poderei sê-lo, mas nunca apático em minhas reações e atitudes.

jrobertogullino@gmail.com


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