Portugal: projeções dão vitória à coalizão de centro-direita e crescimento da extrema direita

10/mar 18:54
Por Redação / Estadão

As recentes projeções de boca de urna dão vitória à Aliança Democrática nas eleições legislativas de Portugal, que aconteceram neste domingo, 10.

A Aliança Democrática (AD), coalizão de centro-direita formada por Partido Social Democrata (PSD), Partido Popular (CDS-PP) e Partido Popular Monárquico (PPM), deve receber entre 27,2% e 33,2% dos votos e emplacar de 77 a 89 deputados, segundo pesquisa realizada pela Intercampus para o Jornal de Negócios. Já as projeções da Universidade Católica de Portugal publicada pela emissora pública RTP, prevê que o bloco deve receber entre 29 e 33% dos votos.

Em segundo lugar, o Partido Socialista totalizará entre 23,8% e 29,8% dos votos (67 a 79 deputados), indica a pesquisa da Intercampus para o Jornal de Negócios. Números próximos a pesquisa da UCP para a RTP, que prevê que o partido de centro-esquerda receberá entre 25% e 29% dos votos portugueses.

Consolidando a direita radical como força política em Portugal, o Chega! poderá ser o terceiro maior bloco do parlamento português com 15,6% e 20,6% (de 42 a 52 deputados), aponta a pesquisa da Intercampus para o Jornal de Negócios. Já as projeções da Universidade Católica apontam para um resultado entre 14% a 17%.

Disputa acirrada

O Partido Social Democrata e o Partido Socialista têm se alternado no poder por décadas e, nestas eleições, enfrentaram o desafio de conter o crescimento de um partido de extrema-direita. As pesquisas indicam um aumento de 7% em relação as eleições em 2022, confirmando a tendência de crescimento da ultradireita observada em outros lugares na União Europeia.

O líder do PSD, Luís Montenegro, 51, que provavelmente se tornará primeiro-ministro se sua aliança vencer, descartou durante a campanha a possibilidade de se unir ao Chega!. Mas se Montenegro não conseguir formar um governo majoritário, ele dependerá da nova força política do país para garantir a sua governabilidade.

O líder do Chega, André Ventura, ex-professor de direito e comentarista de futebol, disse estar disposto a abandonar algumas das propostas mais controversas de seu partido, como a castração química para agressores sexuais e a introdução de penas de prisão perpétua, se isso permitir a inclusão de seu partido em uma possível coalizão governamental com outros partidos de centro-direita.

No entanto, sua insistência na soberania nacional em vez de uma integração mais próxima à União Europeia e seu plano de conceder aos policiais o direito de fazer greve são outras questões que podem frustrar suas ambições de entrar em uma coalizão de governo.

O Chega! baseou sua campanha principalmente em uma plataforma anticorrupção. Escândalos de corrupção provocaram a antecipação das eleições depois que o ex-líder socialista e primeiro-ministro António Costa renunciou em novembro, após oito anos como primeiro-ministro, em meio a uma investigação de corrupção envolvendo seu chefe de gabinete. Costa não foi acusado de nenhum crime.

A frustração pública com a política habitual já estava borbulhando antes dos protestos contra a corrupção. Baixos salários e alto custo de vida, agravados no ano passado por aumento na inflação e nas taxas de juros, juntamente com uma crise habitacional e falhas na saúde pública, contribuíram para o descontentamento.

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