Praça Pasteur

06/01/2023 08:00
Por Afonso Vaz

Nasci nesta cidade em 1944, no mês de julho e fui criado bem próximo à Praça, na Rua Saldanha Marinho.

A Praça em questão, conforme legado que nos deixou a exemplar figura de Álvaro Zanatta, in Histórias e Lendas das Ruas de Petrópolis, denominava-se, em passado longínquo, popularmente, “Do Sol que nasce para todos”.

Contudo, por força do Ato nº 3, de 31 de janeiro de 1923, o espaço passou a ser chamado de Praça Pasteur, homenagem ao ilustre médico e cientista francês, Louis Pasteur (1822 – 1895).

A fonte onde pude colher tais informações faz demonstrar que “… no início do século XX não passava de um campo largado ao abandono, coberto de mato, no dizer de contemporâneos”.

A mesma fonte deixa claro que “…no canto do largo esquina com a futura rua Cristóvão Colombo, ainda Caminho da Castelânea, havia um armazém de secos e molhados, cujo proprietário adotara o nome de “Armazém do Sol que nasce para todos” e mais, “…que para melhor visualização do estabelecimento, mandou pintar na parede da esquina a radiosa figura do astro-rei despejando torrentes de fogo e prometendo vender mais barato”. 

Acresce, ainda, que “… tão grande era o desenho, que de longe podia ser visto e o título da casa se transferiu ao largo fronteiro”.

 A História nos traz informações que a Praça só obteve iluminação pública inaugurada em 18 de agosto de 1942.

No terreno onde fôra construído o até então Armazém, surgiu o prédio e ginásio Coronel Veiga Foot ball Club, intitulado mais tarde como o tricolor da Castelânea, em decorrência de disputas de campeonatos de Futsal.

A Praça em questão, entretanto, desde há muito, ante o progresso que passou a imperar nas suas proximidades, foi cercada de bom comércio, construções residenciais, inclusive uma delas mais recente, um imponente edifício, sem falar no prédio situado no mesmo local denominado edifício Caxias, construção bem antiga e uma igreja.

Nas lojas que integram o último dos prédios, recordo-me bem do armazém do Sr Adão Hoelz, como também de um açougue e uma padaria e ainda de um “armarinho” que comercializava apetrechos diversos sempre procurados pelos moradores locais.

Nas proximidades da Praça, já à Rua Saldanha Marinho, foram construídas várias casas, inclusive aquela que pertenceu a meus pais, quase destruída em consequência dos terríveis temporais ocorridos nos meses de fevereiro e março do ano passado.

Cabe ressaltar que a Praça Pasteur continua como espaço para realização de festas, especialmente juninas, situada, é bem que se frise, anos após, em frente à Igreja de São Cristóvão cuja obra teve início no ano de 1942.

Recordo-me por outro lado, das famílias, que ali residiram ou nas proximidades, dentre tantas, Hoelz, Brand, Wilbert, Gall, Braun, Muller, Klippel e Karl, justamente nas ruas Cristóvão Colombo e Saldanha Marinho.

Praça Pasteur, centenária, nunca esquecida eis que durante nossa mocidade servia de ponto de encontro para companheiros e amigos que apreciavam um agradável passeio de bicicleta, diversão que se estendia até o final da Rua Olavo Bilac.

Ainda com referência à Praça em tela, não poderia, outrossim, deixar de recordar ruas adjacentes que receberam nomes de várias personalidades das mais diferentes matizes, tais como Napoleão Laureano (Médico oncologista, tendo ficado conhecido como médico dos pobres – 1914/1951); Rodrigues Alves (político, presidente da província de São Paulo, Ministro da Fazenda e 5º presidente do Brasil – 1848/1919); Victor Meirelles (Pintor e professor – 1832/1903); Euclides da Cunha (jornalista, sociólogo, escritor, engenheiro – 1866/1909); Edmundo de Lacerda (médico – 1880/1961); Cardoso Fontes (médico e pesquisador – 1879/1943) e Saldanha Marinho (advogado, jornalista, sociólogo, político – 1816/1895).

Ressalte-se, ainda, a propósito da homenagem alusiva ao Conde D’Eu, que em razão de obra prestada à terra de Pedro, mereceu que uma das ruas viesse a ostentar o seu nome.

Na verdade, a Praça Pasteur continua a abrigar crianças, idosos, e tantas outras pessoas que a visitam, cada qual a apreciá-la de acordo com o seu modo de encará-la e vivenciá-la, ponto de encontro para muitos, marcando de forma indelével a história de nossa Petrópolis.

E mais, espaço pleno de recordações para com os descendentes de colonos alemães que naquelas redondezas residiram, como, também, para os que continuam a residir em tão belas paragens.

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