Pré-candidatos à Prefeitura falam das medidas para retomada da economia após a pandemia do Covid-19

30/05/2020 16:30

Com um número recorde de desemprego – 2,5 mil vagas de empregos formais fechadas só no mês de abril -, empresas encerrando as atividades e aumento nos casos do novo coronavírus, pré-candidatos à Prefeitura de Petrópolis falaram à Tribuna sobre as medidas que adotariam para a retomada da economia. O cenário é desfavorável e especialistas apontam uma iminente recessão em todo o país.

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Tribuna: Quais as medidas adotadas para a retomada da economia?

Alexandre Gurgel (Cidadania): Tenho defendido a importância de olhar além da reabertura das atividades econômicas, que devem seguir o cronograma estabelecido, fazendo os ajustes necessários. O verdadeiro problema estará na retomada dos níveis de produtividade dos setores da indústria, comércio e serviços. Acredito em políticas públicas municipais voltadas ao consumo e geração de emprego local. Uma revisão do cadastro de fornecedores da Prefeitura e uma política de compras em parceria com as empresas da cidade serão fundamentais. Capacitar novos empreendedores e criar linha de crédito e microcrédito. Os desafios serão enormes.

Coronel Arnaldo Vieira Neto (PRTB): As prefeituras têm muito pouco a fazer no que se refere à retomada das atividades econômicas, visto que são fatores de mercado em nível mundial, regional (Mercosul, Nafta, etc) e nacional que regem os mercados em um primeiro momento. Cabe à Prefeitura tornar o mercado petropolitano amigável ao empresário, desburocratizando a máquina pública, combatendo a corrupção e oferecendo infraestrutura mínima para estimular as atividades econômicas. A Prefeitura só é geradora de emprego para os “eleitos do poder”, resultado dos conchavos e acertos de campanha, onde o prefeito tem que cumprir com os acordos e alianças feitas para obtenção de apoio.

Jamil Sabrá (PSC): A retomada ocorreria de forma gradual. Seria mantida a verificação de projeção de perdas e a busca de compensações junto ao Governo Federal para fins de recuperação econômica, bem como o acompanhamento diário da pandemia sendo, caso necessário, adotadas medidas de forma urgência.

Leandro Azevedo (PSD): Os estudos para a retomada da economia deveriam ser iniciados tão logo as medidas de isolamento fossem implementadas. Além das providencias tomadas no início da pandemia, como incentivos fiscais temporários, interlocução com instituições bancárias para financiamentos, com o afrouxamento do isolamento, se somariam outras ações: 

– Criação de um protocolo sanitário, estabelecendo níveis do 1 ao 4 para identificar as atividades econômicas com maior probabilidade de formação de aglomerações e, consequentemente, o aumento do risco de novas contaminações. Sendo: Nível 1: Serviços essenciais; Nível 2: Estabelecimentos de baixo risco; Nível 3: Médio risco; Nível 4: Alto risco.

– Como forma de apoio aos empresários, profissionais autônomos e do turismo, MEIs e comerciantes, deveriam ser elaboradas medidas de redução de tributos fiscais municipais, para acelerar a estabilização das empresas e prestadores de serviço.

– Prorrogação dos prazos de vencimento de taxas municipais anuais e das certidões negativas por 90 dias para as empresas. 

– Os dados seriam observados semanalmente, podendo ser incrementados de acordo com os resultados obtidos.

Lívia Miranda (PCdoB): As ações do pós-pandemia devem partir do diálogo. É urgente convidar os setores econômicos para organizar as cadeias produtivas da cidade. Portanto, a construção de um projeto democrático e que desenvolva os potenciais da cidade, que gere emprego e distribua renda, contemplando os diversos setores como vestuário, turismo, hortifruti, hotelaria, comércio etc. A vida é prioridade, não há economia sem vida.

Marcos Novaes (PDT): Não se pode falar simplesmente em “retomada da economia”. Para uma retomada cuidadosa e competente, seria indispensável:

– Conhecer os cinco conjuntos de dados (sobre a disseminação e virulência do vírus na cidade; sobre a rede hospitalar disponível para enfrentar as consequências da disseminação; sobre a capacidade do pessoal técnico de que o governo municipal dispõe; sobre as finanças municipais, ou seja, o tamanho da capacidade do governo municipal para responder ao desafio (abrir a caixa-preta) e sobre a aceitação do “isolamento social” proposto e tão mal executado.

– Que a curva de disseminação e/ou letalidade deixe de subir. Petrópolis não chegou nesse estágio.

– Levar em conta a realidade local, com suas diferenças em relação a outras cidades [por despreparo ou preguiça (ou ambos) a Prefeitura copiou um plano que não enxerga Petrópolis]. Realidade local é: sua geografia, sua localização e vizinhança, sua concentração/distribuição dos negócios e atividades, sua malha viária, sua rede de transportes, etc

– Prestar atenção às diferenças dentro de Petrópolis, em seus vários bairros: no comércio, nos serviços, na agricultura e na indústria locais — suas características, localização, impacto no deslocamento pelo bairro e para fora dele – tudo isso tem de ser levado em conta. Para uma situação dessas, não há bala de prata, não se pode querer uma solução geral e unilateral.

Marcus Curvelo (PSB): Sem a presença de investimentos municipal, estadual e federal a retomada será mais difícil. A iniciativa privada estará descapitalizada e, portanto, sem dinheiro para investimentos. É preciso entender que não vai adiantar somente proteger empregos, é preciso proteger as pessoas principalmente.  Mas o município sozinho não terá como dar conta dessa tarefa, o governo federal terá que ter políticas efetivas de renda básica e segurança alimentar.

Os pólos de moda incluindo a Feirinha de Itaipava, para mim será o símbolo da retomada da economia na cidade, pois tem um alto potencial de atração de turismo e geração de empregos, além de ser segura pois é um shopping aberto. A Prefeitura precisa comprar o máximo possível de produtores locais, também será preciso incentivar a população a consumir produtos locais, principalmente como proteção para os pequenos comerciantes. 

Mutirões  comunitários devem ser incentivados. O turista procurará cidades seguras do coronavírus, portanto um selo para estabelecimentos de hospedagem será extremamente importante. A construção civil precisa também gozar de incentivos, pois gera empregos rápidos. As obras de infraestrutura com investimentos federais e estaduais serão muito importante, parcerias público privadas também.

Outro setor que merece muito incentivo é o da economia criativa e cultura, pois  gera renda e emprego. A Prefeitura também vai precisar flexibilizar o uso de espaços externos em bares e restaurantes. Economia Solidária, Microcrédito (Crédito Cidadão) também terão papéis importante junto com o desenvolvimento de arranjos produtivos locais.  

A economia ligada a área da saúde também terá um grande desenvolvimento nos próximos anos e Petrópolis tem condições de atrair investimentos para este setor.  Petrópolis tem uma vocação para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação  é preciso ser agressivo no fomento e na atração de empresas ligadas a estas áreas principalmente a indústria 4.0. De onde virá o dinheiro? De uma brutal reforma administrativa, que deveria começar agora, mas que o atual prefeito não tem coragem de fazer, pois só pensa na sua reeleição. 

Matheus Quintal (Republicanos): Petrópolis é uma cidade onde o comércio é essencial. O turismo também. Passados esses meses mais duros que estamos vivendo, é preciso que os setores público e privado dialoguem para a criação de um plano de reativação da economia. O peso dos impostos precisa ser pensado, tendo em mãos os dados de arrecadação da Prefeitura. Mas a cidade precisa também de um diálogo mais direto com o governo federal. É nesse ponto que acredito que a gestão atual está deixando a desejar. Petrópolis passa dificuldades e precisa de todo apoio que a União possa nos dar. Vamos atrás desse apoio. Com as contas aliviadas o governo municipal poderá se empenhar mais para a retomada do comércio, o turismo e a vida normal das pessoas. 

Paulo Mustrangi (Solidariedade): Como dito antes, a compra maciça das máscaras que seriam distribuídas gratuitamente e deveriam ser adquiridas junto ao nosso pólo confeccionista, para assegurar a manutenção econômica destas famílias. Implantar o Banco do Povo pela PMP para liberar empréstimos entre 1.000 e 10.000 mil reais destinados aos micros empreendedores individuais. Implantar a Economia Solidária através de eventos promovidos pela PMP para que os micros empreendedores pudessem vender os seus produtos. A PMP vai patrocinar encontros com os Bancos de fomento e desenvolvimento dos governos Federal e Estadual e Bancos Privados para viabilizar linha de créditos direcionados aos micro, pequenos e médios empresários. Criar, apoiar e incentivar medidas para reativar o pólo confeccionista e a sua cadeia produtiva da moda. A PMP em parceria com empresas e entidades do pólo de tecnologia criaria a plataforma virtual de vendas dos produtos produzidos em Petrópolis, abrindo com isso a possibilidade de venda para todo o país através da plataforma virtual.

Ramon Mello (Avante): A economia de Petrópolis já não andava bem das pernas. Seja na questão do orçamento público, com pouca capacidade de investimento pela Prefeitura, seja no incremento das atividades privadas. A atuação do atual prefeito prejudicou muito. Serei um prefeito com credibilidade e autoridade moral, minhas ações serão transparentes e firmes, com diálogo constante com os petropolitanos. 

Vou utilizar algumas iniciativas a favor de Petrópolis que colaborei com aprovação na Alerj, ao lado do deputado Luiz Paulo. Uma delas é entrada de Petrópolis na Região Metropolitana do Rio. Foi uma luta grande, mas vencemos.  Todo plano de desenvolvimento com geração de empregos passa pela Região Metropolitana. Outra lei do deputado Luiz Paulo é a que autoriza o governo do estado a buscar financiamento junto ao BNDES, a juros zero, e capitalizar os nossos autônomos, pequenos e micros empresários. Será uma obstinação minha enquanto prefeito. Vamos capitalizar os pequenos e fazer nossa economia girar. Vou em busca de muita gente que quer investir em Petrópolis mas não sente segurança na administração municipal. Petrópolis viverá um novo momento.

Yuri Moura (PSOL): Eu estipularia metas de taxa de isolamento social, dando assistência social para o povo conseguir cumprir, inclusive contratando, capacitando e equipando moradores nos bairros para orientar as comunidades, envolvendo todos os setores sociais para vencermos juntos da forma mais rápida possível. O efeito seria percebido entre 10 e 12 dias e aí sim teríamos um retorno gradual e responsável das atividades. O plano é priorizar vidas!

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