Pré-candidatos comentam cenário de ‘penúria financeira’ da Prefeitura

12/jun 08:38
Por Wellington Daniel

Pré-candidatos a prefeito de Petrópolis estão preocupados com a alegada situação de “completa penúria financeira” do atual governo. O tema foi destaque em uma rodada de entrevistas conduzidas pela TV Petrópolis, com a participação da Tribuna de Petrópolis, nas duas últimas semanas. Os postulantes ao cargo máximo do Executivo municipal apresentaram como pretendem contornar a situação, caso sejam eleitos.

Leandro Sampaio

O último pré-candidato da rodada de entrevistas foi o ex-prefeito Leandro Sampaio (Pode) na sexta-feira (07). Para ele, o aumento do Índice de Participação dos Municípios foi uma “fantasia criada” e lembrou que os demais 88 municípios foram prejudicados, já que a arrecadação destes caiu em detrimento do aumento de Petrópolis.

“Esse, sem dúvida, para qualquer que seja o prefeito eleito da cidade, vai ser o maior desafio. Porque nós estamos hoje vivendo um drama. O procurador-geral da Prefeitura num documento à Justiça, deixou isso bem claro. Estamos vivendo a falência total do município de Petrópolis. Um rombo de cerca de R$ 400 milhões, numa situação criada, sem pé nem cabeça, com relação ao Índice de Participação do Município no ICMS do Estado, uma fantasia que foi criada”, afirmou

A preocupação também é quanto ao tempo que o próximo prefeito terá para organizar a equipe e tomar as providências necessárias entre a eleição, em outubro, e a posse, em janeiro. O pré-candidato também demonstra apreensão pelo salário dos servidores.

“A gente tem uma situação que merece muita atenção, não só da sociedade petropolitana e lideranças comunitárias, mas também vamos precisar buscar, nem que sejam cedidos, pelo governo federal, estadual e prefeituras parceiras, como a do Rio, técnicos que sejam capazes de nos ajudar a fazer Petrópolis encontrar o caminho do desenvolvimento”, disse.

Hingo Hammes

O penúltimo pré-candidato a ser entrevistado foi o vereador Hingo Hammes (PP). O parlamentar lembrou que, no dia de sua entrevista (29 de maio), foi realizada a audiência pública para apresentação do quadrimestre de finanças e o tema esteve em alta, pautando a preocupação dos vereadores.

“Realmente é muito preocupante o que foi feito. A Prefeitura deu um passo contando com uma liminar. Gastou-se muito dinheiro, sem ter a convicção de que esse dinheiro perduraria até o final do ano, se era nosso 100%. Era uma liminar apenas, poderia cair a qualquer momento. E foi o que aconteceu, essa liminar caiu, hoje o município não tem mais esse respaldo e tivemos o nosso IPM muito reduzido”, opinou.

O vereador disse que não é possível prometer resultados imediatos e que, em um primeiro momento, o foco será manter o funcionamento dos serviços básicos, além de buscar apoio dos governos estadual e federal. Também pretende construir ações para aumentar a arrecadação e investir em parcerias público-privadas.

“Já estamos com um plano de reconstrução para a parte financeira do município. Juntamos até com servidores da Prefeitura, estamos dialogando bastante e fazendo reuniões para criar estratégia de que forma podemos avançar e recuperar a cidade. Isso vai ser aos poucos”, disse.

Bernardo Santoro

No dia 28 de maio, a entrevista foi com Bernardo Santoro (Novo). Ex-presidente do Instituto Liberal, Santoro disse que avisou nas redes sociais, há cerca de três meses, que a Prefeitura estava falida. Para ele, o trabalho de arrecadação do IPTU necessita de um trabalho de georreferenciamento e o ISS, tem muita burocracia. Também apontou gastos desnecessários, que, na sua opinião, são as três novas secretarias criadas no fim do ano passado.

“Para começar, nossa arrecadação já não é muito boa para fins de uma cidade que tem 300 mil habitantes. Na verdade, nossa arrecadação real é de R$ 1,3 bilhão por ano e é muito pouco para uma cidade com 300 mil habitantes. Isso porque não temos um repasse de ICMS muito grande, infelizmente temos um parque industrial precarizado, que foi sucateado por conta de políticas anti-empreendedoras que os governos de esquerda aqui em Petrópolis praticaram nos últimos 30 anos”, opinou.

O advogado também criticou as novas secretarias, por acreditar que falta a entrega na ponta. Por isso, pretende cortar gastos, para criar uma máquina pública com eficiência, trabalhando com compliance (políticas para uma organização estar dentro das regras e leis aplicáveis) e accountabily (prestação de contas).

“Eu pretendo fazer uma reforma administrativa agressiva. E como eu fui presidente do Instituto Liberal do Rio de Janeiro, eu não falo em corte de gastos da boca para fora. Tenho um lastro histórico em defesa da diminuição do Estado”, disse.

Yuri Moura

O pré-candidato pelo PSOL, Yuri Moura, foi o primeiro entrevistado da sequência, no dia 27 de maio. O deputado estadual disse que solicitou reuniões do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e também diálogos entre os envolvidos, já que, na atual situação, considera difícil saber qual vai ser a capacidade orçamentária e financeira de Petrópolis.

“O que o atual governo errou? Errou, porque não trabalhou com a possibilidade de perder. A gente sabia que era muito frágil uma liminar que nos garantia esse aumento de R$ 250 milhões no ano passado e R$ 350 a mais no orçamento deste ano. O governo gastou muito, porque pensou só em política de governo”, opinou.

O deputado diz que, se eleito, pretende fazer uma reforma administrativa para cortar gastos desnecessários e redimensionar a capacidade de arrecadação do município. Também pretende ir à Brasília, na busca por mais recursos e entende que há opções de aumentar a arrecadação da cidade com o ICMS Ecológico, por exemplo.

“O problema não está só no ICMS. Petrópolis arrecada muito menos que poderia arrecadar de IPTU. Não estou dizendo de aumentar o tributo das pessoas, mas cobrar mais de quem tem mais. Tem muito condomínio de luxo que não paga o que deveria, porque a Prefeitura não tem uma capacidade forte de fiscalização. O ISS, a gente poderia arrecadar mais se a economia tivesse mais pujante”, afirmou.

Outros pré-candidatos

Leandro Azevedo (Republicanos), quando pré-candidato, também foi convidado, mas alegou incompatibilidade de agenda. Eduardo do Blog (Republicanos), que foi anunciado como substituto de Azevedo na cabeça de chapa, também afirmou dificuldades de agenda.

O atual prefeito Rubens Bomtempo (PSB) não retornou o contato da equipe que organizou as entrevistas.

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