Prejuízo no comércio pode chegar a 100 milhões após tragédia

01/03/2022 08:20
Por João Vitor Brum, especial para a Tribuna

Quase quinze dias depois da pior tragédia que já atingiu Petrópolis, comerciantes ainda tentam contabilizar os prejuízos. Em alguns locais, a expectativa é de retomar o trabalho em apenas três meses, enquanto outros não devem voltar às atividades. Cerca de 300 estabelecimentos comerciais foram afetados apenas no Centro Histórico e o Sicomércio estima que os prejuízos podem ultrapassar os R$ 100 milhões, enquanto a Firjan calcula uma perda de R$ 665 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) da cidade.

Um dos estabelecimentos afetados é o da Ana Paula, que tem uma cafeteria na galeria do Edifício Profissional, no Centro. No espaço, a água chegou a um metro de altura e destruiu móveis, produtos e parte da estrutura.

“Quando a água começou a subir, minhas funcionárias começaram a tirar a mercadoria e colocar nas prateleiras, mas o volume da água derrubou tudo. Todos os móveis da loja ficaram submersos, assim como eletrodomésticos. Todos os utensílios e louça também precisaram ser descartados. Mesmo que fosse possível lavar, nós lidamos com alimento, então prefiro prezar pela saúde e bem-estar dos clientes”, conta a comerciante Ana Paula Montenegro. 

Só nesta semana foi possível limpar a loja e começar a avaliar a dimensão do dano. Mesmo assim, ainda não tem previsão de reabertura da cafeteria.

“Acredito que a loja fique de dois a três meses fechada, até chegar mobiliário, produtos. Vamos ter que fazer obras na loja, porque a parede foi danificada, assim como banheiro e cozinha. A perda foi grande”, disse Ana Paula, explicando que o prejuízo ainda é incalculável, já que o tempo com a loja fechada também será custoso.

“O mais doloroso é ficar de porta fechada sem saber por quanto tempo. A gente estava começando uma recuperação da pandemia, mas ainda com movimento abaixo do que tínhamos antes, e agora isso. E mesmo com a loja fechada, temos aluguel, impostos, funcionários. Precisamos pagar tudo de qualquer forma”, lamentou a comerciante.

E mesmo em meio à adversidade, a empresária tenta diminuir o prejuízo até que a loja seja reaberta. “Vamos trabalhar por enquanto com venda, retirada de produtos e alguns lanches, porque temos máquinas alugadas que não foram afetadas, já que estavam em um lugar bem mais alto. Agora, vai ser a mesma estratégia que adotamos na pandemia, para pelo menos minimizar os custos”, concluiu Ana Paula.

Caixa libera linha de crédito para empresários afetados pelas chuvas

Na última sexta-feira, a Caixa Econômica Federal informou que uma linha de crédito com valor mínimo de R$200 mil (per capita), com taxas diferenciadas, vai ser disponibilizada para empresários afetados pela tragédia em Petrópolis. 

Entre as alternativas oferecidas pela Caixa aos empresários, está o acesso a créditos do Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (FAMPE) com taxas a partir 1.69% a.m e 36 meses de amortização, ou ainda acesso ao Giro Caixa Fácil com taxas de 1,72% a.m e 30 meses de amortização. Além disso, ainda existe a oportunidade de linhas de crédito para aquisição de maquinário e equipamentos, através do BCD.

“Depois de promover a limpeza das lojas e contabilizar os prejuízos que podem ultrapassar os R$100 milhões, buscamos apoio e ajuda para nos restabelecer. Alguns lojistas terão que fazer reformas, outros reconstruir as lojas e para isso é preciso ajuda financeira”, pontua Marcelo Fiorini, presidente do Sicomércio Petrópolis.

Enquanto o Sicomércio estima prejuízos de R$100 milhões, a Firjan realizou um levantamento que calcula que a perda no PIB de Petrópolis possa chegar a R$665 milhões após as fortes chuvas.

Na pesquisa, 65% dos entrevistados dizem que as empresas foram diretamente afetadas, e mostra, ainda, que 11% das pessoas que tiveram as empresas impactadas relatam desaparecimento ou morte de funcionários. 

“Vi empresários aos prantos diante da tragédia. Precisamos dar a mão para essas pessoas, para superar esse momento muito difícil. Fiquei muito chocado com o que vi em Petrópolis”, lamenta o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.

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