Presidente do BC diz que vacinação em massa é ‘luz no fim do túnel’ para economia

02/02/2021 19:27
Por Lorenna Rodrigues e Fabrício de Castro / Estadão

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a vacinação em massa da população brasileira é uma “luz no fim do túnel” que pode ajudar na retomada da economia.

“O Brasil tem uma capacidade alta de vacinação, pode vacinar mais de 5 milhões de pessoas em um dia. A coordenação da vacinação não é algo fácil de fazer. Mas achamos que a vacinação é a luz no fim do túnel”, disse Campos Neto, em evento virtual World Trade Symposium, promovido por The Economist.

Enquanto o presidente da República, Jair Bolsonaro, coloca em dúvida a eficácia da vacinação contra a covid-19, Campos Neto e o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendem publicamente a imunização como essencial para que a economia, de fato, se recupere em 2021.

O presidente do BC disse que é necessário ainda entender como a vacina é eficaz para as novas variações da covid-19, mas que é preciso ampliar a imunização rapidamente. Entre a equipe econômica, há o receio de que a demora em vacinar a população force um novo processo de isolamento social, com novos impactos na economia.

Balanço do consórcio de imprensa divulgado na segunda-feira, 1º de fevereiro, apontava que 26 Estados e o Distrito Federal vacinaram 2,22 milhões de pessoas até agora.

Eleição no Congresso permite colocar agenda de reformas em votação

Com a definição das presidências das duas casas do Congresso Nacional, Campos Neto disse esperar que as reformas avancem na Câmara e no Senado. “Estamos perto de começar a colocar a agenda de reformas no Congresso em votação”, afirmou.

A participação do presidente do BC no evento foi gravada na última sexta-feira, dia 29, antes da votação no Congresso, que terminou com a eleição dos candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, na véspera da eleição para o comando da Câmara, ele esteve na noite de domingo, 31, na casa do ministro das Comunicações, Fabio Faria, para tratar da candidatura do governista Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Casa. O compromisso não constou na agenda oficial do presidente do BC, como determina a lei.

Estavam presentes no encontro, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner do Rosário. O presidente do Progressistas, Ciro Nogueira também esteve na reunião. O grupo do jantar resolveu fazer um bolão sobre quantos votos Lira deveria receber na eleição.

Campos Neto ressaltou que é necessário impulsionar as reformas para garantir a confiança e a credibilidade na economia brasileira. “Fizemos um grande programa de enfrentamento da crise no Brasil, fizemos muitos programas de crédito. Agora temos um grande volume de endividamento. Temos que dizer para as pessoas que gostaríamos de gastar mais, mas agora estamos num ponto em que, se gastarmos mais, não sabemos se teremos o efeito desejado porque temos uma fragilidade que pode superar esse efeito”, declarou.

Ele ressaltou que no Brasil o custo de manter a máquina governamental funcionando é muito grande e cresce mais rápido do que a inflação. “A reforma do Estado é uma reforma difícil de fazer”, afirmou. O governo enviou em setembro do ano passado uma reforma administrativa, que prevê mudanças na forma como os servidores são contratados, promovidos e demitidos.

Campos Neto também citou “microrreformas”, como a votação de marcos legais para ferrovias e cabotagem (navegação na costa brasileira) como essenciais para ajudar os negócios a funcionar melhor.

Ele disse que o Banco Central vem fazendo seu trabalho na pandemia, cuidando da política monetária (ou seja, garantindo que os juros básicos controlem a inflação) e garantindo a oferta de recursos no mercado bancário. Ele também lembrou a criação de empregos no mercado formal e destacou que é necessário treinar os trabalhadores informais para que eles ingressem nesse mercado.

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