Previdência Social e o Sr. 880

18/02/2017 11:23

Assisti a uma rodada com o repórter William Waack e três especialista em Previdência Social – Paulo Tafner, Helio Zybertein e José Cechin (ex-ministro do setor). Muitas opiniões sobre a atual situação, muitas sugestões “eficazes” mas achei que estavam debatendo em outro país mais civilizado. Defenderam muito os funcionários públicos e, subliminarmente, colocaram a culpa nos trabalhadores do setor privado que se aposentam muito cedo. Nem equipararam a perda do setor privado com a garantia do “direito adquirido” do setor público. Em momento algum reconheceram a necessidade de se efetuar uma devassa nas diversas aposentadorias – principalmente no setor publico que pesam no final da estrada. Constantemente surgem denúncias de funcionários que não trabalham ou que moram no exterior – portanto, para quem quer resolver o assunto, só chamando a equipe do juiz Sérgio Moro que rapidamente se resolve o assunto. Entre outras utopias, foram unânimes em achar que, hoje, a mulher “se equipara profissionalmente ao homem e tem de se aposentar com o mesmo tempo de serviço. Gostaria de saber o que suas respectivas esposas fizeram para sobreviver. É cômodo olhar tudo pela sacada florida da vida, dando uma de Maria Antonieta.

E ninguém falou na “carga pesada” sem contribuição das benesses das bolsas ditadura- presidiário,  dos trabalhadores municipais que têm direito de se aposentar mas que os municípios não recolhem, como também os clubes de futebol, além dos demais devedores quando os seus funcionários têm o mesmo direito sem suporte na retaguarda. Em qualquer empresa em dificuldade financeira, a primeira providência é apertar seus devedores – mas a Previdência não! Na mentalidade dos “sapientes” preferem sacrificar quem contribui e recolhe.

Essa novela, que nunca terá fim, quando os “intelectuais” do setor olham tudo de viés, me vem à lembrança um antigo filme, baseado em fatos reais, em que o aposentado, sem poder sobreviver com sua pensão, a cada fim de mês fabricava seu próprio dinheiro para sobreviver. Ainda bem que ninguém lembra do filme para pôr a sugestão em prática.

Para os cinéfilos que se interessarem, é um filme da Fox, 1950, “Sr. 880”, protagonizado por Burt Lancaster e Dorothy McGuire mas o destaque fica por conta do eficiente e sempre correto Edmund Gwenn, que concorreu  ao Oscar daquele ano, mas ficou com o Globo de Ouro. Uma comédia ao velho estilo de Hollywood, cuja cena hilariante é a defesa que faz perante o juiz, na sua pureza, de só falsificar nada mais que o necessário – justamente o que dificultou a investigação.

jrobertogullino@gmail.com

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